Sesc Arsenal exibe documentário sobre Engenheiro Civil José Garcia Neto

12 de agosto de 2008, às 0h00 - Tempo de leitura aproximado: 3 minutos

Compartilhar esta notícia

“É como se o seu avô sentasse com você e lhe contasse a história da sua vida”, assim definiu o próprio filme Cacá de Souza. O diretor do documentário “José Garcia Neto, o filme” encontra-se satisfeito com o resultado da pesquisa e com o filme em si. Contente por contar com uma equipe de profissionais de qualidade como Valdeci Queiroz(diretor de fotografia), Flavinho Batista e Wilson Porto(editores).

A idéia do filme surgiu em 2002 quando trabalhava com Berinho(Robério Garcia), filho do Garcia Neto, na Eletronorte. O personagem Garcia Neto sempre o encantou e ele assumiu um compromisso de quando voltasse a fazer filme produziria um documentário sobre o governador Garcia Neto. O tempo passou, foram quatro anos longe das câmeras e então, chegou a hora de voltar e Cacá escreveu o projeto na lei estadual de incentivo à cultura e conseguiu metade dos recursos previstos em seu projeto. Sem muita explicação do Conselho pensou em desistir, pois seria inviável para aquilo que ele gostaria de fazer. Contudo, a família assumiu um compromisso de auxiliar no que fosse preciso e então, além do apoio na pesquisa e toda a liberdade para poder trabalhar, contou também com apoio financeiro para realizar o documentário.

Segundo Cacá, o Garcia Neto tem uma das histórias mais bonitas de MT, é um personagem marcante, um cacique que mandou durante muitos anos no cenário político local e que se não fosse a divisão do estado provavelmente estaria mandando até hoje.

A intenção inicial era contextualizar o período em que Garcia esteve no poder(1954-1980 mais ou menos) com o que acontecia no resto do país. Porém, o personagem em si tem um brilho especial e foi tornando-se narrador de si ao ponto de não haver um só off(descrição sem imagem) que não fosse feito por ele mesmo ou por um filme de época. O diretor e produtor Cacá de Souza se manteve absolutamente fora de cena o que não é comum nas suas produções.

Cacá trabalhou em todas as televisões de MT, trabalhou também na Globo no RJ e nos Estados Unidos. Segundo o próprio, a sua grande influência é Orson Wells quem para ele trouxe um caráter cinematográfico para o documentário. Cacá tem quatro produções independentes: Roosevelt e Rondon em Doubt River(rio da Dúvida), Rondon Especial, Roosevelt e Rondon a expedição e José Garcia Neto, o filme. Souza tem ainda um novo projeto sobre o Rondon e a cartografia aprovado na lei Rouanet e um outro projeto do qual prefere não dizer o objeto, em avaliação pelo Conselho Estadual de Cultura.

O roteiro do filme, Garcia Neto, foi construído a partir dos depoimentos do próprio. Foram onze horas de entrevistas condensadas em 47 minutos de filme. O material traz em primeira mão o filme da posse do governador Fernando Correia da Costa de quem Garcia Neto foi vice. Aliás, nesta época os vices também recebiam votos e Garcia teve sete mil votos a mais que o governador eleito. Quem filmou a posse foi um câmera destacado pelo governador da Paraíba na época, irmão do Garcia Neto, por isso as imagens foram mantidas tantos anos inéditas.

Quem comparecer hoje à noite no SESC Arsenal também poderá conhecer um pouco mais da história de MT já que o homem público Garcia Neto participou de momentos importantes para o estado como a construção da rodoviária, do Centro de Rehabilitação Dom Aquino Correia e da fundação da UFMT. Garcia foi o primeiro prefeito eleito de Cuiabá em 1954, foi vice-governador, duas vezes deputado federal e governador nomeado durante a ditadura.

Entre os esclarecimentos pitorescos da história mato-grossense chamamos atenção para a divisão de MT que da maneira como foi feita praticamente encerrou a carreira política do então governador Garcia Neto que tentou, ainda, por duas vezes, a eleição para o Senado Federal. Nas palavras de Garcia Neto, segundo Cacá, a política se transformou em comércio e ele, Garcia Neto, é um péssimo comerciante.

* Fonte: Jornal Diário de Cuiabá