Mercado de trabalho: carência de profissionais habilitados não é exclusividade brasileira

12 de agosto de 2008, às 0h00 - Tempo de leitura aproximado: 3 minutos

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Para Marcos Túlio de Melo, presidente do Confea, é preciso investir em educação e pesquisa na área tecnológica para melhorar os índices de desenvolvimento econômico e social

A falta de profissionais para atender a demanda exigida pelos atuais índices de crescimento econômico – PIB de 5,2% em 2007 – e pelas obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) preocupa não só o governo federal, mas também a iniciativa privada, as universidades e as instituições de pesquisa e de representação profissional.

Identificando na falta de uma visão estratégica, voltada para o desenvolvimento tecnológico, a principal causa da carência de profissionais na área tecnológica, Marcos Túlio de Melo, presidente do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Confea), defende que “a engenharia é sinônimo de desenvolvimento e profissão fundamental para combater a pobreza e alcançar níveis sociais mais animadores como um dos resultados do desenvolvimento econômico”.

À frente da realização do 3º Congresso Mundial de Profissionais – a WEC 2008 – que acontece de 02 a 06 de dezembro em Brasília, Marcos Túlio de Melo, chama a atenção para as ofertas do mercado de trabalho com salários que giram em torno de R$ 4 mil e para o fato de que a carência de profissionais habilitados não é exclusividade brasileira.

O país precisa formar perto de 30 mil engenheiros/ano para alcançar padrões mais sólidos e sustentáveis de desenvolvimento. Hoje, são formados 23 mil. O Sistema Confea/Crea tem registrados 495.581 engenheiros, “mas nem todos exercem a profissão”, lembra Túlio de Melo que informa: “o Brasil oferece seis engenheiros para cada mil pessoas economicamente ativas, enquanto que nos países europeus e asiáticos, a média é de 25”. Os EUA, lembra, “precisam de 100 mil engenheiros por ano, formam 70 mil e buscam os 30 mil restantes no exterior. China e Índia, juntos, formam cerca de 500 mil engenheiros/ano”.

Marcos Túlio de Melo defende que, no caso brasileiro, uma das soluções passa pela elaboração de um plano de ação a ser deflagrado em parceria com academia, governo e empresas no sentido de reformular o ensino e investir em pesquisa, a exemplo de países como a Coréia do Sul que forma 85 mil engenheiros/ano e tem domínio de tecnologias avançadas.

Para ele, adaptar à realidade brasileira às ações que deram certo em outros países “é outra opção que deve ser considerada quando a meta é modernizar o ensino da engenharia”.

E esse é um dos pontos em foco durante a WEC 2008. Túlio de Melo acredita que sediar o evento – que pretende reunir cinco mil participantes – é uma oportunidade para que a engenharia brasileira se projete internacionalmente e os países em desenvolvimento discutam como melhorar a qualidade de vida das populações preservando o meio-ambiente, o que considera “o grande desafio deste século”.

O Congresso Mundial de Profissionais acontece no Brasil depois de ter sido realizado na Alemanha em 2000 e na China em 2004. Reunirá mestres, doutores, cientistas e profissionais debatendo em torno do eixo central do evento: “Engenharia: Inovação com responsabilidade social”. Tecnologias emergentes, os limites da ciência, as experiências e as perspectivas para o desenvolvimento da sociedade também estão na pauta.

A WEC 2008 é o resultado de parcerias entre o Sistema Confea/Crea, entidades profissionais nacionais e internacionais, governos federal e do Distrito Federal.

Com 2.100 participantes pré-inscritos – 300 deles estrangeiros – e 320 trabalhos técnicos enviados, a realização do 3º Congresso Mundial de Engenheiros “vem correspondendo às expectativas projetadas há quatro anos, quando a WEC 2008 foi captada para a América do Sul”, comemora Marcos Túlio de Melo.

(*) Inscrições e mais informações no endereço www.wec2008.org.br

*Equipe de Comunicação do Confea
Foto: Geosites