Sem-terras acampam na BR-364 entre Rio Branco e Sena Madureira

23 de outubro de 2007, às 0h00 - Tempo de leitura aproximado: 2 minutos

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Cerca de 100 famílias despejados da fazenda Boa Vista, localizada na BR-364, a 26 quilômetros no sentido Sena Madureira/Rio Branco, estão acampadas numa área a margem esquerda da rodovia, desde que a Justiça acatou uma petição de “Reintegração de Posse” apresentada por advogados do fazendeiro Sérgio Luiz, o legítimo proprietário das terras.

Foram quase cinco anos entre a invasão e a sentença. Tempo mais que suficiente para os invasores derrubassem a mata para fazer roçados, plantar e fincar raízes.

Replanejaram suas vidas e até se desposaram do pouco que tinham para investir na nova morada. Agora que foram expulsos sem direito a nenhum tipo de indenização. Permanecem à beira da estrada simplesmente porque não têm para onde ir.

Por enquanto, estão vivendo da solidariedade dos passageiros da Rodovia.

A história dos trabalhadores expulsos da Fazenda Boa Vista, ainda será escrita por vários capítulos até de um desfecho que atenda a todos os interesses. Na sexta-feira 19, o veículo em que viajavam os deputados federais Fernando Melo e Sérgio Oliveira “Petecão” também ficou retido no bloqueio por alguns minutos. Os parlamentares desceram para se inteirarem do assunto e até se comprometeram ajudar, após coletarem todas as informações.

Bastantes assediados pelos “sem terras” Fernando Melo e “Petecão” se disseram solidá-rios aos trabalhadores que querem e precisam de terras para trabalhar. Ao mesmo tempo, reconhecem não poder estimular a ocupação de terras produtivas em respeito ao direito de propriedade. “Vamos nos inteirar de todas as informações necessárias antes de tomarmos qualquer atitude amparada na lei”, afirmou Fernando Melo.

É que os próprios trabalhadores, representados pela sem terra Maria das Dores Oliveira, 46, confirmam que o proprietário das terras teria negociado com representantes do INCRA, em doar algo em torno de 300 hectares para acomodá-los mais eles não aceitam porque alegam terem de recomeçar do ponto de partida há seis anos, com plantação de roças e pomares.

O deputado Sérgio Petecão disse que seu posicionamento não poderia ser diferente do deputado Fernando Melo. “Vamos primeiro saber de que lado está à razão e a Justiça. Estamos sensibilizados com o drama dessas famílias mais por outro lado, temos que defender o legítimo direito da propriedade sob o risco de estimularmos – em assim não procedermos – que nossa própria casa seja invadida”.

As famílias contam com o apoio da Central Única dos Trabalhadores (CUT). Ontem, o presidente da instituição, Manoel Lima, esteve no acampamento prestando solidariedade às famílias que tomaram a pista da BR em sinal de protesto contra a decisão do juiz da comarca de Brasiléia, Pedro Luiz Longo.

Lideranças do movimento alegam que a justiça ignorou pareceres técnicos do Iteracre e ainda o posicionamento da Defensoria Pública de Brasiléia que se pronunciaram em favor das famílias.

Fonte: A Gazeta-Acre