11 de janeiro: dia de combate à poluição por agrotóxico

12 de janeiro de 2009, às 0h00 - Tempo de leitura aproximado: 3 minutos

Compartilhar esta notícia

Nesse domingo, 11 de janeiro, comemorou-se o Dia do Combate à Poluição por Agrotóxico. Para marcar a data, especialistas ressaltam a agroecologia como uma alternativa para a produção de alimentos de forma mais saudável para o homem e mais equilibrada com o meio ambiente. Eles aproveitam também para fazer um alerta para os consumidores. “É preciso que a sociedade como um todo comece a reclamar e a exigir alimentos mais saudáveis, seja de forma direta ou por meio de representantes políticos”, sugere o eng. agrônomo Alfredo Benatto, mestre em saúde pública e ex-diretor de toxicologia da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Benatto ressalta que não há forma segura de usar agrotóxicos. “O modelo de desenvolvimento que adotamos gera níveis de poluição, de modo geral, que estão nos conduzindo para um beco sem saída”, afirma. Para ele, a alternativa seria retornar, “com mais tecnologia agora”, a um modelo de produzir alimentos sem o uso de tais produtos. “O que falta para se desenvolver a agroecologia e a agricultura orgânica é que o setor público assuma a responsabilidade de implementar crédito”, explica Benatto. Ele destaca que não se trata apenas de uma questão financeira: “é preciso desenvolver programas mais efetivos de assistência técnica e extensão rural”.

Para a engenheira agrônoma Maria Higina do Nascimento, diretora da Associação de Agrônomos da Bahia e conselheira do Conselho Regional do Crea-BA, a saída para a questão da contaminação seria a agroecologia. “É preciso mudar todo o modelo agrícola baseado no uso de agroquímicos, como adubos e fertilizantes químicos”, afirma. Para ela, a formulação de um novo modelo deve contemplar a produção de alto valor biológico, sem contaminação.

Durante sua carreira, Maria Higina tem defendido a mudança do conceito filosófico da agronomia e da pecuária. “A proposta é produzir alimentos que beneficiem a saúde humana, em equilíbrio com a natureza”, destacou a agrônoma. “É obrigação nossa como profissional da agronomia produzir alimentos de alto valor biológico”. Com esse objetivo, ela se dedica atualmente à criação do mestrado e do doutorado em agricologia na Universidade Federal do Recôncavo Bahiano. “Em 2009, devemos iniciar um curso de especialização, que dará origem ao mestrado e ao doutorado na área”, explica.

Agroecologia
O surgimento da agroecologia concide com a preocupação pela preservação dos recursos naturais. As práticas agroecológicas se baseiam na pequena propriedade, em sistemas produtivos complexos e diversos, adaptados às condições locais e em redes regionais de produção e distribuição de alimentos. Baseada nas dinâmicas naturais, a agroecologia preza pela sucessão natural, que permite a restruturação da fertilidade do solos em o uso de fertilizantes minerais e o cultivo sem o uso de agrotóxicos.

Algumas universidades têm procurado despertar o interesse dos alunos por essa área. Uma delas é a Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), por meio do grupo Agrovida, de apoio à agricultura familiar e à agroecologia. Também possuem núcleos específicos para esse debate a Universidade Federal de Santa Catarina; a Universidade Federal de Viçosa; o grupo de agroecologia da Universidade Federal do Amazonas (UFAM); o grupo agroecológico Craiberiras, da Universidade Federal de Alagoas (UFAL); o Espaço de Vivência Agroecológica, da Universidade Federal de Sergipe (UFS); o Grupo de Estudos de Agricultura Ecológica, da Universidade Federal do Paraná; a Federação de Estudantes de Agronomia do Brasil (FEAB) e a Associação Brasileira de Estudantes de Eng. Florestal (ABEEF).

*Mariana Zanatta
Equipe de Comunicação do Confea