*Sacolas plásticas e reformas fiscais
25 de setembro de 2018, às 11h20 - Tempo de leitura aproximado: 2 minutos
O debate sobre reciclagem e destinação de resíduos está cada vez mais presente na sociedade. É fato que medidas precisam ser tomadas para reduzir os impactos ambientais das ações humanas. Na imprensa e nas redes sociais, de tempo em tempo, vejo iniciativas de pessoas ou grupos que realizam ações para coletar lixo em diversos locais. Essas iniciativas merecem ser reconhecidas, mas será que essa é a melhor forma para resolver o problema? Neste artigo vou abordar sobre as medidas adotadas na Irlanda para redução do consumo de sacolas plásticas.
Conforme informações do Levy on plastic bags in Ireland na década de 90 o consumo de sacos plásticos na Irlanda atingiu o pico de 328 sacos por pessoa anualmente. Em 2011, depois de implementada uma política especifica para o tema, o consumo caiu para 18 sacolas anuais por pessoa. Mas como esse resultado foi alcançado?
Visando estimular uma mudança de hábito da população o Ministério do Meio Ambiente na Irlanda mobilizou esforços para introduzir uma taxa sobre sacos de plástico no país. O imposto foi introduzido em 2002, estabelecendo um valor de 0,15 euros por saco, em 2007 o valor foi elevado para 0,22 euros. Os recursos arrecadados vão para um fundo ambiental que possui como objetivo apoiar uma variedade de programas ambientais. A medida teve apoio popular quando implementada e até hoje possui forte apoio no país.
Discussões de políticas fiscais são importantes para garantir a sustentabilidade no mundo. O mercado sozinho não calcula o custo social e o custo coletivo das ações individuais. Todo habito humano reflete sobre o meio e sobre os outros seres humanos. Cabe a sociedade analisar os impactos das ações, e através das políticas públicas propor mecanismos para garantir as condições necessárias para todos.
Na Irlanda os mercados não fornecem gratuitamente sacolas plásticas, e caso você queira você pode comprar uma sacola no caixa do supermercado. É um hábito comum no país os cidadãos reutilizar uma sacola plásticas por muitas vezes. O leitor talvez deva estar pensando agora “mas prefiro sacolas grátis”. O custo das sacolas que “ganhamos” nos supermercados está incluso em cada produto que compramos, o problema é que muitas vezes as sacolas são de má qualidade e nem se quer conseguem chegar até o destino final. Depois de chegar as residências muitas vezes são descartas e aí começa outro problema. Para onde vão as sacolas? Será que a destinação está sendo correta?
Uma das melhores formas de reduzir a quantidade de lixo no meio ambiente é reduzir a quantidade de resíduos que produzimos, será que não seria uma boa opção criar uma política similar no Brasil? Acredito que nossos rios e o meio ambiente como um todo iriam agradecer. Com certeza a redução alcançada na Irlanda de 328 para 18 sacolas é um belo exemplo para todos nós.
*Caiubi Kuhn é Geólogo, mestre em Geociências pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Docente do Instituto de Engenharia, Campus de Várzea Grande, Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT); e conselheiro do Crea-MT. E-mail: caiubigeologia@hotmail.com