Carvão é tema de debate em plenária do Confea

4 de maio de 2009, às 0h00 - Tempo de leitura aproximado: 3 minutos

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Considerado o maior combustível fóssil do mundo, porém nocivo ao meio ambiente por causa da emissão de gás carbônico, o carvão é necessário e vai continuar sendo utilizado no mundo. Essa é a conclusão de Fernando Luiz Zancan, presidente da Associação Brasileira do Carvão Mineral. “Temos que elaborar soluções tecnológicas para que a utilização do carvão seja mais viável ambientalmente”, disse.

Presente à Sessão Plenária nº 1.359 do Confea, Zancan apresentou dados quantitativos sobre a utilização do carvão no mundo. Por exemplo, segundo ele, há dez vezes mais carvão no mundo do que petróleo e gás somados. Outro dado apresentado foi o de que os países que mais emitem CO2 são Estados Unidos, Rússia, China, Austrália e Índia. “A demanda em energia da Ásia já é imensa. Levando em consideração que a população de países como China e Índia apresenta índices altos de pessoas sem acesso à eletricidade, conclui-se que a demanda vai crescer ainda mais, quando esses segmentos populacionais passarem a ter acesso à energia”, explicou. De acordo com Zancan, a competição por carvão é alta na Ásia, pois naquele continente as taxas de emissão de gás carbônico não são mensuradas. Na União Européia, por exemplo, onde há essa quantificação, não há muita demanda por este fóssil combustível.

Zancan explicou que a demanda por carvão é alta, porque deste combustível produz-se tudo: eletricidade, etanol, gás, diesel, combustível de aviação, hidrogênio, etc. No entanto, seu custo de geração é muito caro e a emissão de gás carbônico afeta o meio-ambiente. Além disso, ele acrescentou que há dificuldades em recursos humanos. “Não há pessoal especializado em carvão ou em energia nuclear. Precisamos pensar em um jeito de retomar a formação desses profissionais”, disse. “Precisamos também desenvolver tecnologias que protejam o clima mundial. Mas para tanto, precisamos de tempo, precisamos formar pessoal”. Segundo ele, o grande ponto para o benefício do clima mundial é a junção de eficiência energética com tecnologias limpas.

No Brasil – Em sua palestra, Zancan mostrou uma alternativa para o Brasil de produzir gás metano a partir do carvão. “O Brasil é ótimo no agronegócio, mas importa muito gás.”, afirmou. “Ações como o desenvolvimento de tecnologias para o carvão e cooperações internacionais já estão sendo feitas no sentido de aprimorar a produção de gás no Brasil”. Outro projeto interessante mencionado por Zancan é o de produzir fertilizantes a partir do carvão bruto. “Com o enxofre extraído da matéria-prima, produz-se sulfato de amônia, ou seja, fertilizante”.

Zancan ressaltou que o Brasil tem crédito ambiental, pois a matriz energética do país não é “suja”. “Nós temos uma das maiores matrizes renováveis do mundo”, afirmou. Ele explica, no entanto, que os problemas econômicos do país freia a implantação de mecanismos de energia renovável. “Temos 80 milhões de brasileiros de baixa renda. Se o custo é ampliado, é a sociedade quem paga”. Segundo ele, para o país avançar economicamente, deve haver um balanço entre diversas alternativas. “Vamos precisar de todas as formas de energia para o país crescer: nuclear, carvão, enfim, todas! No entanto, não podemos agregar custos”. Zancan destacou que um papel fundamental da sociedade é discutir qual matriz energética o país quer. “É vital que haja uma mobilização nesse sentido”.

O lado verde da crise econômica – A crise financeira mundial foi outro fator que Zancan relacionou ao carvão. Segundo ele, por causa da crise de mercado, a demanda diminui, ao mesmo tempo em que não há oferta. “Logicamente, reduz-se o impacto ambiental que o carvão provoca”. Neste cenário, segundo ele, há uma grande discussão econômica por trás da renovação do Protocolo de Kyoto. “Todas as medidas ambientais são caras, afetam a economia. A grande questão no mundo é: Quem paga a conta final?”.

A explanação aconteceu durante Sessão Plenária do Confea, no dia 28 de abril.

*Equipe de Comunicação do Confea