Procura por cursos de engenharia cresce nas três maiores universidades públicas do Brasil

16 de março de 2009, às 0h00 - Tempo de leitura aproximado: 2 minutos

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A análise de dados divulgados pelas três mais importantes universidades brasileiras revela que, nos últimos dois anos, cresceu a procura dos estudantes pelas engenharias.

Na Universidade Federal do Rio de Janeiro, por exemplo, a procura por cursos de engenharia cresceu aproximadamente 53%. Em 2007, 6.601 estudantes inscreveram-se no processo seletivo da federal carioca. Em 2008, o número passou para 10.136.

O diretor da Escola Politécnica da UFRJ, Professor Ericksson Almendra, confirma que o aquecimento da economia nos últimos anos tem aumentado a procura pelas engenharias.

“A procura numérica por nossos cursos não para de crescer há 5 anos. E, mesmo com a
ampliação de nossas vagas, a relação candidato/vaga tem aumentado. Foi de 8,5 no ano passado e 9,4, neste ano. Claro que o crescimento do mercado tem impacto sobre salários e isso aumenta a atratividade da engenharia”, avalia.

A Escola Politécnica da USP também atraiu mais estudantes. Em 2007, o vestibular da Fuvest para engenharias teve 10.917 inscritos. Em 2008, foram 12.343. Um aumento de 12%.

Na Unicamp, os números também mostram um crescimento do interesse pelas engenharias, alavancado pela Engenharia Civil, que teve 529 candidatos a mais em 2008. Entre todas as engenharias os números foram: 12.296 inscritos em 2007 e 13.787, no ano passado, o que representa um acréscimo de 12%.

Entretanto, o número de vagas ofertadas não cresceu tanto. Para 2009, na USP, foram mantidas as 800 existentes em 2008. Na Unicamp, as 120 vagas adicionais são de dois novos cursos: Engenharia de Manufatura e Engenharia de Produção. No total, os candidatos disputaram 735 vagas. Na UFRJ, a realidade é diferente: 276 novas vagas foram ofertadas para 2009 e em 2010 serão mais 50.

“A Escola Politécnica da UFRJ ampliou suas vagas de 560 para 870 vagas somente neste século. Foi a maior ampliação de vagas tanto numérica quanto percentual de toda a UFRJ, e apresentou crescimento médio anual superior ao crescimento da economia do país. Eu
diria, portanto, que a Politécnica da UFRJ está reagindo, apesar das dificuldades, de acordo com suas responsabilidades perante o país”, conclui o professor Ericksson.

Engenharia Naval e Metalúrgica fortes no Rio de Janeiro

Entre as engenharias que apresentam maior demanda por profissionais no Rio de Janeiro estão a naval, a metalúrgica e a de materiais, em função da construção da ThyssenKrupp CSA Companhia Siderúrgica do Atlântico, no Grande Rio. E também a Engenharia Elétrica, devido a grande quantidade de hidrelétricas, termelétricas e linhas de transmissão em construção.

Mas o professor Ericksson faz um alerta. “Segundo um estudo que realizei, os três cursos menos procurados na Escola Politécnica da UFRJ (Metalurgia, Materiais e Elétrica) estão entre os mais demandados no mercado, mas isso não impressionou os estudantes. É difícil entender e explicar o fenômeno. Acreditamos que haja uma demora muito grande entre os eventos econômicos (o crescimento, quase explosão, da metalurgia pesada no Estado do Rio) e a percepção pelos alunos do ensino médio. E mesmo pelos alunos da universidade. Um exemplo disso é o que ocorreu com a Engenharia Naval. A evasão chegou a atingir 90% no auge da crise. Com o mercado extremamente necessitado de engenheiros navais, com emprego para todos os formandos, essa evasão cai, mas cai lentamente. Hoje ainda é superior a 30%”, diz o diretor da Politécnica da UFRJ.

*Thiago Tibúrcio
Equipe de Comunicação do Confea