Painel na 79ª SOEA discute Desenvolvimento Florestal e Políticas Públicas
10 de outubro de 2024, às 17h37 - Tempo de leitura aproximado: 5 minutos
Na 79ª Semana Oficial da Engenharia e da Agronomia (Soea), o painel sobre Desenvolvimento Florestal e Políticas Públicas trouxe temas importantes como a Contribuição dos Planos de Desenvolvimento Florestal para a Adequada Estruturação de Políticas Públicas no Brasil, apresentado pelo engenheiro florestal Joésio Siqueira (Vice-presidente da STCP Engenharia de Projetos Ltda), o engenheiro florestal Jeanicolau Simone de Lacerda (Presidente do Conselho do PEFC Brasil) discutiu a questão do Mercado de Madeira Tropical e os Desafios do Comércio Ilegal e o engenheiro florestal Marcelo Francia Arco-Verde (Chefe-geral da Embrapa Florestas) apresentou uma abordagem sobre Sistemas Agroflorestais Composição e Gestão Financeira. O painel aconteceu nesta quinta-feira (10), das 16h30 às 18h, no auditório Costa das Baleias.
De acordo com Cícero Ramos, vice-presidente da Associação Mato-grossense dos Engenheiros Florestais e Coordenador das Coordenadorias de Câmaras Especializadas de Engenharia Florestal do Confea (CCEEF), o conhecimento sobre os recursos florestais é fundamental para o desenvolvimento e ordenamento territorial e ambiental do Brasil. O desenvolvimento florestal é um instrumento fundamental para o adequado desenvolvimento (econômico, social e ambiental) nas regiões florestais. A Amazônia brasileira, que inclui o Mato Grosso, é reconhecida como uma das maiores produtoras de madeira serrada do mundo, o estado de Mato Grosso do Sul, que se destaca como o principal exportador de celulose do país, assim como São Paulo, que apresentou o maior número de experiências com Sistemas Agroflorestais, exemplificam essa importância. Nesse contexto, o desenvolvimento florestal envolve a aplicação da ciência e engenharia florestal em prol das florestas, formulando políticas públicas para promover um novo modelo de crescimento. Essas políticas visam a fiscalização e preservação de áreas de floresta natural, atrair investimentos para ampliar e fortalecer a cadeia produtiva promovendo o crescimento econômico e a melhoria da qualidade de vida das comunidades locais, integrando os setores primário (rural), secundário (industrial) e terciário (comércio e serviços).
A contribuição dos Planos de Desenvolvimento Florestal para a adequada estruturação de políticas públicas no Brasil
O Engenheiro Florestal Joésio Siqueira, destacou o papel fundamental do Plano de Desenvolvimento Florestal como instrumento fundamental para o adequado desenvolvimento (econômico, social e ambiental) e implementação de políticas públicas no Brasil para contribuir com novo modelo de crescimento no setor florestal.
Siqueira trouxe o exemplo de Mato Grosso do Sul, que desenvolveu seu Plano estadual de desenvolvimento sustentável de florestas e atualmente se tornou o principal exportador de celulose do país.
Ressaltou a relevância dos engenheiros florestais na elaboração dessas políticas: “Nós, engenheiros florestais, somos fundamentais para o desenvolvimento adequado do país. Todos falam sobre florestas, mas poucos realmente entendem o assunto, especialmente frente aos desafios ambientais que enfrentamos”. Ele também lamentou a pouca participação dos engenheiros florestais na formulação de soluções: “É uma pena que não sejamos vistos como parte ativa dessas soluções, pois somos os especialistas”.
E destacou a importância da organização e do engajamento dos engenheiros florestais para influenciar políticas públicas: “Estamos preparados para influenciar de maneira adequada as políticas públicas? Precisamos de ações, metas e governança para garantir nosso crescimento sustentável e gerar resultados positivos para a sociedade. Se quisermos crescer, precisamos de vontade política para isso”. Sua declaração foi recebida com aplausos da plateia.
O Mercado de Madeira Tropical e os Desafios do Mercado Ilegal
O Engenheiro Florestal Jeanicolau Simone de Lacerda apresentou dados sobre o mercado ilegal de madeira, destacando que a exploração ilegal é responsável por 15% a 30% da produção global de madeira. Em muitos países tropicais, essa prática ilegal representa entre 50% e 90% da madeira extraída. O comércio ilegal de madeira movimenta entre US$ 51 bilhões e US$ 152 bilhões por ano, e o custo global da corrupção no setor florestal chega a US$ 29 bilhões anuais.
Segundo Lacerda, a exploração ilegal de madeira não ocorre apenas no Brasil ou só em florestas tropicais. Ele destacou os impactos negativos dessa prática no mercado legal de madeira serrada, como a concorrência desleal, a burocracia excessiva e, principalmente, o desgaste da imagem do setor, os crimes praticados pelo mercado ilegal, em todas as fases da cadeia produtiva, deprecia a imagem do “produto madeira” como um todo, que já é extremamente estigmatizado e pressionado por uma demanda que desconhece suas versatilidades técnica e construtiva.
Além disso citou que o conceito de que edificação de madeira é ruim ainda perdura, mesmo em ambientes que deveriam ser técnicos e abordou ainda a questão de Tecnologia e suprimento – Avanços tecnológicos como a Madeira laminada colada e Madeira tropical plantada citando o projeto pioneiro fica no sul da Bahia, hoje com 17 anos, mas a maioria dos projetos tem ao redor de 2 anos de idade.
Sistemas Agroflorestais Composição e Gestão Financeira
O Engenheiro Florestal Marcelo Francia Arco-Verde destaca o papel do agricultor como um gestor, com pensamentos a curto, médio e longo prazo. Apresentou uma visão abrangente sobre os Sistemas Agroflorestais, que combinam a produção de árvores com cultivos agrícolas e/ou criação de animais, Os Sistemas Agroflorestais proporcionam uma interação mais sustentável entre a agricultura e o meio ambiente, resultando em benefícios tanto ecológicos quanto econômicos.
Arco-Verde ressaltou a importância do planejamento adequado como fator crucial para o sucesso dos Sistemas Agroflorestais: “É essencial considerar o objetivo do sistema, quem vai trabalhar nele e as características da propriedade. Se para a agricultura familiar, por exemplo, a escolha das culturas deve levar em conta a força de trabalho disponível. Plantar dendê é uma coisa, hortaliças é outra”, explicou. Ele também destacou que o engenheiro florestal deve ser capaz de fazer essas avaliações com precisão.
Além disso, enfatizou a relevância da análise financeira no contexto da preparação, objetivos e desafios como uma estratégia essencial para a implementação dos Sistemas Agroflorestais.
A moderação do debate foi conduzida pelo Engenheiro Florestal Nielsen Christianni, Conselheiro Federal.
Texto e fotos: Cícero Ramos, vice-presidente da Associação Mato-grossense dos Engenheiros Florestais e Coordenador das Câmaras Especializadas de Engenharia Florestal (CCEEF) 2024.