Geração a óleo diesel

19 de setembro de 2007, às 0h00 - Tempo de leitura aproximado: 4 minutos

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O Ministério de Minas e Energia e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) se reúnem hoje, em Brasília, para avaliar a possibilidade de a usina térmica de Cuiabá, a Mário Covas, voltar a gerar energia, por meio do óleo diesel. A planta está desativada há 25 dias e desde então o sistema elétrico local está vulnerável e suscetível a interrupções no fornecimento, já que a carga e a geração estão em patamares idênticos. A paralisação é motivada pelo corte no envio de gás natural por parte do governo boliviano. O insumo é a principal matriz energética do empreendimento e, comparada ao outro derivado do petróleo, chega a ser de sete a dez vezes mais barato.

Depois de reconhecer na última segunda-feira que o sistema mato-grossense está “no limite”, o Ministério antecipou que até o final da semana anunciaria medidas para reforçar o abastecimento no Estado. A principal delas, a geração de energia por meio do diesel, pode ser definida ainda hoje. Todos os critérios e condições para a geração – de caráter imediato – serão traçados, principalmente o alto custo desta geração, que no Estado sofre grande interferência em relação ao preço do frete. Conforme a assessoria do MME, as discussões vão focar a geração de 135 megawatts da usina – carga mínima – durante o horário de pico, entre 13h e 20h, como forma de garantir o suprimento, principalmente da Baixada Cuiabana.

Outra medida de reforço, porém ainda não confirmada pelo MME, mas antecipada por fontes do setor no Estado, é a substituição até o final do ano de transformador de 55 MVA da Subestação do Coxipó – pertencente à Eletronorte – por um de 100 MVA. A troca pode ser considerada uma medida emergencial, conforme uma fonte local, que explica que esta pode ser considerada uma primeira etapa. Outra troca está prevista para dezembro de 2008. A mudança trará neste ano incremento de 16% na carga e mais 25% no final do próximo ano.

EPE – Para a operadora da usina, a Empresa Produtora de Energia (EPE), mesmo a planta sendo bicombistível, ou seja, apta à geração de energia por gás natural ou diesel, acionar as turbinas com o último insumo não é apenas uma questão técnica. “Além das definições sobre os custos e que vai arcar com eles, há um impeditivo contratual. O empecilho não é apenas a majoração de receita”, aponta a assessoria de imprensa. O diretor de Assuntos Regulatórios da EPE, Fábio Garcia, estava em viagem ontem.

Com esclarece a assessoria, o contrato de venda de energia da EPE é com Furnas e prevê geração de energia por meio apenas do gás natural. “Além das formas de recomposição de receita, existe este empecilho”.

2006 – Em outubro do ano passado, a térmica esteve por quase 60 dias desativada. Neste período, o então ministro de Minas e Energia, Silas Rondeau, anunciou a geração por meio de diesel, mas que na prática não se confirmou. Naquela ocasião, o discurso da EPE foi mesmo: a preocupação com os custos adicionais com o óleo diesel. Pelas informações prestadas naquele momento, levou em consideração um valor estimado de R$ 2 por litro do produto e a conta gastos diários de cerca de R$ 1,6 milhão. Ao mês, as cifras somariam algo em torno de R$ 48 milhões. Partindo do princípio de que o metro cúbico do gás natural é sete vezes mais barato em relação a este diesel, os custos com o gás sairiam em torno de R$ 7 milhões por mês. Para gerar 135 mW serão necessários cerca de 800 mil litros de diesel ao dia, ou aproximadamente 25 carretas de 35 mil litros/dia. Já produto, tem valor agregado, pois se trata de um combustível especial, isento de metais, bifiltrado, bicentrifugado e produzido somente em Cubatão (SP).

APAGÃO – Os cuiabanos foram surpreendidos novamente ontem por duas interrupções no sistema elétrico. Desta vez, como informou a concessionária local, a Rede Cemat, os problemas ocorreram 9h às 9h02 e das 11h24 às 11h33 e atingiram 989 unidades consumidoras dos bairros Lixeira, Areão, Bandeirantes e parte do Centro-norte (região da rua 13 de Junho). A falta de luz foi causada por um defeito nas instalações elétricas da Escola Estadual Nilo Póvoas, que provocou um curto-circuito no transformador que atende à escola e, conseqüentemente, a saída do alimentador 9 da Subestação Barro Duro, da Cemat.

Fonte:Diário de Cuiabá