Confea participa de audiência sobre tecnologias que evitam acidentes aéreos

14 de setembro de 2007, às 0h00 - Tempo de leitura aproximado: 4 minutos

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Fiscalização Preventiva Integrada (FPI) a ser realizada em diversos aeroportos e aeronaves foi anunciada pelo vice-presidente do Confea, eng. mec. Jaques Sherique. Ele representou o Sistema Confea/Crea durante a audiência pública promovida pela Comissão de Ciência e Tecnologia do Senado Federal para debater sobre as tecnologias aplicadas para evitar acidentes aéreos. A FPI reune Creas, Corpo de Bombeiro, Defesa Civil, Secretarias de Saúde e de Infra-estrutura, ANAC e Infraero, além de representações de empresas aéreas, pilotos e passageiros.

Sem adiantar a data, Sherique garantiu que entre os aeroportos a serem visitados estão os de São Paulo e o de Brasília. E que a idéia é, num primeiro momento, informar a sociedade sobre a necessidade da presença e participação de engenheiros e profissionais habilitados em todas as áreas que envolvem a aviação. “A Anotação de Responsabilidade Técnica (ART), disse o vice-presidente do Confea, é o documento que define os profissionais responsáveis por obras e/ou empreendimentos e ajuda a localizá-los quando ocorrem acidentes”.

O manifesto redigido quando da realização de uma audiência pública sobre o caos aéreo durante a 64ª Soeaa, também foi destacado por Sherique, que alertou para a necessidade de ser retomado o planejamento do Sistema Aéreo Brasileiro e o aprimoramento da legislação que trata das competências institucionais no controle da aviação brasileira.

Tecnologias
Blocos de concreto celular, instalados na seqüência da cabeceira de pistas curtas, como as dos aeroportos de Congonhas (SP) e Santos Dummont (RJ), reduzem em até 86% os acidentes em situações críticas e/ou de emergência em casos de decolagens que precisam ser abortadas ou pousos realizados a uma velocidade máxima de 128km/h.

A informação foi dada hoje pelo ten. cel-aviador Geraldo Cursino Neto, que abriu os trabalhos da audiência pública realizada no Senado Federal — sobre as atuais tecnologias capazes de evitar danos maiores quando em situações de risco.

Especialista em desempenho de aeronaves, Cursino explicou a maior parte dos acidentes durante o pouso decorre de falhas no sistema de frenagem e que os blocos, feitos de um cimento que se esfarela em atrito com as rodas do avião, ajudam a frear a aeronave.

A tecnologia E.M.A.S. (Engineers’ Materials Arrestor System) desenvolvida nos EUA e instalada em cerca de 25 aeroportos norte-americanos, é a disponível para os aeroportos civis, já que os militares contam com recursos como a rede, erguida eletronicamente, ou do cabo de retenção.

Afirmando que o binômio pistas&desempenho de aeronaves é indissociável, Cursino lembrou dos recursos necessários e básicos como as áreas de segurança, livres de obstáculos, também em volta dos aeroportos e não só após a cabeceira da pista.

Cias de Seguro

O professor Alexandre Duarte Santos, da UFRJ, e ex- presidente do Crea-RJ que participou da audiência, destacou que os aeroportos Congonhas e Santos Dummont não dispõem de áreas de segurança nem de espaço para expansão e que além do grooving, os blocos de concreto celular, apesar do alto custo tanto do produto quanto de seu transporte, podem e devem ser aplicados nesses aeroportos. Entre as características do concreto, estão a resistência e sua manutenção. Os efeitos pelo tempo de uso e ação do mau tempo, são facilmente reparados.

Ele apresentou um projeto que, no caso do Rio de Janeiro, cria uma espécie de píer após a pista, como área de escape. Para o acesso à Escola Naval, seria construído um túnel. Em São Paulo, para a criação de área de segurança e instalação do EMAS, dois viadutos seriam necessários.

O professor disse também que Pampulha, em BH, precisa do EMAS para continuar recebendo aviões de grande porte e lembrou que no aeroporto de Chapecó, em Santa Catarina, a pista termina num barranco.

Duarte sugeriu ainda, que o alto custo para a instalação do EMAS deveria ser partilhado com as companhias de seguro que diminuiriam o custo das indenizações pagas a cada acidente.

O comandante Geraldo de Meneses, da área de Segurança de Vôos da TAM, por sua vez, confirmou todas as informações prestadas e lembrou que as medidas ideais para um pouso e decolagem seguros exigem pistas com 150 metros largura e 300 de comprimento.

Ao encerrar a audiência, requerida e presidida pelo senador Marcelo Crivella (PRB/RJ), Ronaldo Jenkins , aviador e diretor Técnico do Sindicato das Empresas Aeroviárias (SNEA) , defendeu medidas pró ativas para evitar acidentes como a instalação do EMAS não só na cabeceira mas nas laterais das pistas dos aeroportos. Para ele, num país com as dimensões do Brasil, a atividade aérea é fundamental diante das condições das estradas e de muitos locais aos quais não se tem acesso por terra.

Fonte:Confea