Novo apagão na Baixada Cuiabá

14 de setembro de 2007, às 0h00 - Tempo de leitura aproximado: 3 minutos

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Num intervalo de pouco mais de 12 horas, a Baixada Cuiabana registrou anteontem duas interrupções no sistema elétrico, das 9h14 às 9h18 e das 22h56 às 23h11. As ocorrências, confirmadas pela concessionária local de energia, a Rede Cemat, atingiram nos dois momentos cerca de 40 mil clientes em 35 bairros da capital e ainda as cidades de Várzea Grande, Acorizal, Jangada e áreas rurais de Chapada dos Guimarães, Nossa Senhora do Livramento e Rosário Oeste. Levando em consideração a estimativa da concessionária de quatro pessoas para cada uma das unidades consumidoras atingidas, mais de 158 mil pessoas tiveram problemas no fornecimento.

A interrupção pela manhã durou quatro minutos e à noite chegou a 15 minutos. As duas quedas de energia registradas pelo Diário na tarde da última quarta-feira não foram observadas pela Cemat.

Segundo a empresa, os “apagões” poderiam ter sido evitados se a usina termelétrica de Cuiabá – paralisada há 20 dias – estivesse em operação, principalmente nos horários de pico, entre 13 e 22 horas. Tanto no incidente da manhã quanto no registrado à noite, ambos fora do horário considerado de pico – alta demanda energética -, o desabastecimento de luz teve a mesma explicação: falhas em transformadores que formam a Subestação do Coxipó (SE), pertencente às Centrais Elétricas do Norte do Brasil S/A (Eletronorte).

A Cemat reforçou mais uma vez, como na nota divulgada anteontem, “que embora essas falhas não tenham relação direta com a paralisação da térmica, o fornecimento de energia não teria sido interrompido se a usina estivesse funcionando. Isso acontece porque o sistema, em condições normais, oferece margem para que pequenas ocorrências sejam contornadas sem que a população sequer perceba”. Conforme a concessionária, sem a geração térmica, o sistema elétrico local está no limite, com demanda igual à geração, que neste momento é produzida 100% apenas por hidrelétricas.

O superintendente regional da Eletronorte, Paulo César Kojima, foi ainda mais enfático ao dizer que se a térmica estivesse em operação os quatro transformadores da SE Coxipó poderiam falhar que a população não seria afetada. “A SE atende à demanda. Estamos ainda investigando os motivos das duas falhas. Trabalhamos até a madrugada de ontem para apurar as causas. Não foi sobrecarga, pois os equipamentos da SE podem suportar até 20% a mais de carga”. A hipótese de uma leitura falha dos equipamentos, o que gera o desligamento automático dos transformadores, não está descartada. Aliás, este mesmo problema teria motivado os apagões registrados há cerca de um ano na Baixada Cuiabana, período em que a térmica esteve desativada por 60 dias.

Para minimizar os problemas, a recepção de carga do Sistema Elétrico Nacional (SIN), está sendo remanejada para outras SEs. Existem dez da Eletronorte no Estado, “e isso reduz a ocorrência de novas falhas e, portanto, de novos apagões”. Kojima admite que sem a térmica, o sistema fica vulnerável e fragilizado.

OPERADOR – A interrupção está relatada no Informativo Preliminar Diário de Operação (IPDO) do Operador Nacional do Sistema (ONS): o desligamento automático se deu no transformador TR-03, 230/138 quilowatts (kV), 100 MVA, da subestação Coxipó. A queda, com causa a ser identificada, interrompeu a transmissão de 48,55 megawatts (mW) de carga da Cemat. Às 9h17 foi ligado o TR-03 e às 9h18 concluída a recomposição das cargas. Às 23h56 ocorreu novamente o desligamento automático do TR-03 na SE Coxipó, que teve como conseqüência a interrupção de 46,33 mW de carga da concessionária.

EMPENHO – Tanto a Cemat como a Eletronorte frisa que estão redobrando a atenção neste momento. Por meio de nota, a Cemat garante que vem tomando, diariamente, todas as providências possíveis para evitar os efeitos da paralisação da usina. Já a estatal brasileira reforça que está debruçada para identificar a causa dos problemas para restabelecer a segurança e tornar o sistema local mais confiável enquanto a térmica estiver sofrendo as conseqüências do corte de gás natural promovido pelo governo Boliviano.

Fonte:Diário de Cuiabá