CPP avalia projetos para produção de fitomedicamentos e bioinseticidas

14 de junho de 2007, às 0h00 - Tempo de leitura aproximado: 3 minutos

Compartilhar esta notícia

O Centro de Pesquisa do Pantanal (CPP) promove, no dia 15 de junho, o 1º Workshop de Avaliação da Rede Pantaneira de Bioprospecção. O objetivo da rede, que começou a funcionar em 2005, é identificar componentes da fauna e flora do Pantanal para fins de exploração comercial sustentável. O evento será realizado na Pousada Penhasco, em Chapada dos Guimarães (MT) e deve reunir cerca de 30 pesquisadores dos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

O secretário-executivo do CPP, Paulo Teixeira de Sousa Júnior, informa que a Rede Pantaneira de Bioprospecção desenvolve atualmente dois projetos. ´´Ambos têm como objetivo a produção e comercialização de produtos naturais que utilizem a flora pantaneira, conhecida por sua biodiversidade. Um deles busca o desenvolvimento de um fitoterápio e o outro, de um bioinsetisida. Para isso, precisamos identificar as espécies que podem ser utilizadas para esse fim“, explica.

A necessidade de produzir medicamentos de menor custo e sem efeitos colaterais e a atual validação acadêmica do uso popular de plantas medicinais são algumas das razões que levaram o CPP a se interessar pelo tema. ´´Além disso, queremos melhorar as condições socioeconômicas da população pantaneira, através de seu envolvimento na produção e venda das espécies que vierem a originar esses produtos. É importante ressaltar também a importância estratégica de projetos desta natureza, tendo em vista que o Brasil depende quase que totalmente de produtos importados para suprir as demandas por medicamentos e por inseticidas. Desta forma, o desenvolvimento destes produtos, com tecnologia nacional, é fundamental não apenas para aliviar a balança comercial do país, como também para a própria soberania nacional“, destaca o secretário-executivo.

O Comitê Científico que irá avaliar o desenvolvimento do trabalho será composto pelos pesquisadores da Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz) do Rio de Janeiro, Renato Sérgio Balão Cordeiro; da Fiocruz de Minas Gerais, Carlos Leomar Zani; e pelo professor da Universidade Federal da Bahia, Eudes da Silva Velozo.

Os dois projetos da rede envolvem as áreas de química, botânica, farmacologia e agronomia. As instituições participantes são a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Embrapa Pantanal, Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal (Uniderp), Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) e Universidade Católica Dom Bosco (UCDB).

Até o momento, já foram realizadas 21 expedições para coletar plantas e 16 espécies foram identificadas. O tratamento químico deste material resultou na produção de 102 extratos e frações diferentes, que foram avaliados através de ensaios famocológicos/biológicos e duas substâncias foram isoladas, sendo uma identificada.

Além das pesquisas, a atuação em rede também tem possibilitado a formação de recursos humanos especializados na área, um dos principais objetivos do CPP. No ano passado, 12 alunos de mestrado e 28 de graduação foram capacitados através das atividades da Rede de Bioprospecção e os pesquisadores apresentaram 44 trabalhos em eventos científicos.

A avaliação das outras duas redes do CPP já foi feita. A da Rede de Pesca foi realizada nos dias 29 e 30 de maio e a da Rede de Pecuária, em 1º de junho. Ambas foram desenvolvidas no Hotel Fazenda Mato Grosso, em Cuiabá.

CPP – O Centro de Pesquisa do Pantanal é uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) que tem o objetivo de produzir conhecimento e formar recursos humanos para subsidiar políticas públicas voltadas ao uso sustentável do Pantanal, a maior área periodicamente alagada do mundo. As ações são desenvolvidas em três redes: pecuária, pesca e bioprospecção. Atualmente, cerca de 100 pesquisadores de instituições de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul participam das ações do CPP.

Mais informações podem ser obtidas no site:www.cppantanal.org.br.