Setor de moveleiro cresce em plena crise

11 de junho de 2007, às 0h00 - Tempo de leitura aproximado: 3 minutos

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O setor moveleiro estadual foi talvez o que melhor se comportou nos últimos anos. Em plena crise do agronegócio, quando o comércio e a agropecuária se ressentiram fortemente da queda na produção, a indústria de móveis teve uma reação surpreendente. Os números do setor mostram que os fabricantes de móveis continuaram sua trajetória de crescimento mesmo com os desacertos da política econômica – como juros elevados e desvalorização do dólar – e a queda dos preços das commodities. No ano passado, as vendas aumentaram 18% e, para este ano, está previsto um crescimento de 10% sobre as vendas de 2006.

“O setor apostou na crise, investiu em tecnologia e agora colhe os frutos da perseverança”, diz o empresário Ayres dos Santos, que começou com uma pequena loja de estofados produzindo apenas um conjunto por semana e hoje produz 50 conjuntos por dia.

No mercado há apenas sete anos, Ayres já produz móveis em série e, além de sofás, fabrica também peças em alumínio e estofados de silicone, uma das novidades no mercado local. O empresário vende seus produtos na Grande Cuiabá e outros municípios do interior, além de atender mercados emergentes como Rondônia, Acre e Mato Grosso do Sul.

Ayres conta que o setor moveleiro foi o que melhor “respondeu” a este cenário de crises. “Alguns ficaram desanimados, mas a maioria acreditou que este seria o momento propício para o crescimento”.

Apesar do bom momento vivido pelo setor, as indústrias ainda possuem alguns entraves que precisam ser resolvidos. “No nosso caso [indústria moveleira] o principal gargalo é a logística de transporte, devido à distância de Mato Grosso em relação aos grandes centros consumidores e ao alto preço do frete para chegar até a essas regiões”, relata.

Ele diz que uma das vantagens das indústrias é que 60% da produção são comercializadas no mercado local e apenas 40% vão para outras regiões. “Se dependêssemos exclusivamente de outros mercados, estaríamos perdidos”.

A expectativa, de acordo com Ayres dos Santos, é ampliar a participação da indústria local para 70% no segmento de móveis num período de cinco anos.

COMPETITIVIDADE – Com cerca de 400 indústrias instaladas na Grande Cuiabá, o setor emprega atualmente cinco mil pessoas. A boa performance da indústria moveleira se deve principalmente aos investimentos em tecnologia e mão-de-obra, que garantem produtos de qualidade comparáveis às grandes marcas nacionais.

“Não devemos nada a ninguém em termos de qualidade”, assegura Ayres, apontando que os móveis produzidos no Estado chegam a ser superiores até aos do Centro-Sul. “Aqui se usa o MDF, laminado bem superior ao que se utiliza no Sul, os aglomerados”, exemplifica.

Segundo o empresário, a ótima aceitação dos produtos regionais está levando ao crescimento das vendas. “Hoje se produz muito pouco sob encomenda. A nossa grande produção mesmo é de móveis em série, em larga escala para atender às lojas da região. Até mesmo as lojas chiques de Cuiabá e Várzea Grande compram das indústrias locais para revender os produtos”, comenta.

As grandes redes de departamento respondem atualmente por 50% das vendas de móveis na Grande Cuiabá. “Temos lojas grandes, como Novo Mundo, Facilar (antiga GR Eletro) e Mundo dos Colchões trabalhando com produtos regionais. Isso mostra que a tendência é ocuparmos uma fatia maior deste mercado nos próximos anos”. Por enquanto, as indústrias estão com suas produções voltadas para atender principalmente as classes A e B. “Mas não perdemos de vista outras classes, até mesmo as de renda mais baixa. O objetivo é produzir móveis variados que concorram de igual para igual com produtos de outras regiões”, garante o empresário. (Veja na página C2)
Fonte:Diário de Cuiabá