Indústria da soja promete não financiar produtores que causem novos desmatamentos na Amazônia

1 de junho de 2007, às 0h00 - Tempo de leitura aproximado: 2 minutos

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A indústria da soja no Brasil pretende incluir em sua política empresarial para a próxima safra a decisão de não financiar produtores que tenham promovido novos desmatamentos na Amazônia

A intenção foi anunciada no dia 30 de maio por representantes das traders de soja, durante reunião da coordenação do Grupo de Trabalho da Soja (GTS), realizado em Brasília. O GTS, que reúne a Abiove (Associação Brasileira da Indústria de Óleos Vegetais), a Anec (Associação Nacional dos Exportadores de Cereais), representantes de empresas comercializadoras de soja, ONGs e movimentos sociais, foi criado a partir da campanha do Greenpeace e entidades do setor social contra a expansão da soja na Amazônia.

As traders começam em breve a negociar os contratos de pré-financiamento da safra 2007-2008 com os produtores rurais da Amazônia e pretendem informar os fazendeiros durante o processo de negociação. “Essa intenção representa um passo importante do setor de comercialização da soja para consolidar a moratória anunciada pelas empresas em julho de 2006”, disse o diretor da Campanha Amazônia, do Greenpeace, Paulo Adário, observando que “as traders e suas entidades de representação já haviam anunciado a inclusão, nos contratos de compra de soja, da exigência de banimento do trabalho escravo ou desumano”. Segundo Adário, que avalia como muito positivos os passos dados até agora por empresas e ONGs envolvidas no GTS – que incluem a definição de um sistema da mapeamento e monitoramento do desmatamento para o agronegócio da soja -, o desafio que ainda precisa ser vencido é a inexistência de um cadastro geo-referenciado em mapas das propriedades rurais da Amazônia.

No dia anterior, técnicos de agências do governo federal se reuniram com o subgrupo técnico de mapeamento e monitoramento do GTS para analisar as áreas de cooperação do governo com os grupos envolvidos na implementação da moratória da soja. A participação do governo na moratória da soja foi assegurada durante reunião realizada na Casa Civil da Presidência de República, no último dia 16 de maio. Estiveram na reunião o subgrupo de articulação institucional do GTS (composto por Abiove e Greenpeace) e representantes do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Ministério do Meio Ambiente (MMA), Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam), Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), além de integrantes da Casa Civil liderados pelo sub-chefe adjunto, Johaness Eck.

Naquela reunião, os órgãos do governo federal se comprometeram a apresentar em agosto o mapa do bioma Amazônia em escala 1:250 mil nas áreas prioritárias onde há plantio de soja. O mapa existente está na escala 1:5 milhões, que não permite análise adequada de desmatamentos em propriedades rurais. O Inpe, por sua vez, anunciou que vai disponibilizar os dados de satélite do desmatamento no período de entrada em vigor da moratória.

Para Adário, a integração prática do governo federal ao processo da moratória é um passo muito importante para o real ordenamento do uso do solo na fronteira da devastação e inibir a conversão de florestas em lavoura para soja e outros grãos.

Fonte: Greenpeace Brasil