Brasileiro trabalhará 146 dias para pagar tributos
24 de maio de 2007, às 0h00 - Tempo de leitura aproximado: 3 minutos
Até o próximo dia 26, os brasileiros terão trabalhado apenas para pagar impostos federais, estaduais e municipais, tais como o Imposto de Renda e a contribuição à Previdência Social, Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN), Imposto sobre Produto Industrializado (IPI), Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins), Programa de Integração Social (PIS) e outros embutidos no preço final ao consumidor/contribuinte. Serão 146 dias, ou quatro meses e 26 dias para honrar com os compromissos de ordem tributária.
Mas a má notícia não pára por aí: Em comparação ao ano passado, o brasileiro terá trabalhado um dia a mais em 2007 para quitar os mesmos tributos. “Isso é prova de que a tão sonhada redução da carga tributária não passa de mote de campanha eleitoral. Em 2007 estamos trabalhando um dia a mais para pagar a mesma quantidade de impostos. O peso dos tributos avança e parece estar longe da estabilização, pelo menos”, observa o diretor regional do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT) e advogado tributarista Darius Canavarros.
Mas o ciclo poderá se estender até o dia 5 de junho para os brasileiros considerados de classe média. Segundo um estudo do IBPT, em geral são demandados 146 dias, podendo chegar a 156 dias para quem tem renda entre R$ 3 mil a R$ 10 mil. “Esta faixa é considerada classe média no Brasil. O peso dos tributos aqui chega a sugar mais de 42% da renda mensal, e neste caso o trabalhador de classe média fica até o dia 5 junho pagando impostos”, aponta Canavarros.
Para a classe baixa – renda de até R$ 3 mil – o ciclo se encerrou no dia 21, após 141 dias de labuta e com a carga tributária consumindo 38% da renda mensal. Já à classe alta – com rendimentos acima de R$ 10 mil ao mês – serão necessários 152 dias de trabalho e o ciclo se encerra apenas no dia 1 de junho, após o comprometimento de 41,73% da renda mensal. Somente as classes média e alta passam quase metade do ano trabalhando para quitar tributos.
“Atualmente, o brasileiro precisa trabalhar o dobro do que era necessário na década de 70 para honrar com o volume de impostos. Estamos numa escalada preocupante”, alerta Canavarros.
O IBPT não tem dados regionalizados do impacto da carga tributária nos estados ou nas cinco regiões do país. “Mas o mato-grossense não está distante da média apurada em nível Brasil, já que a maior parte deles está inserida na classe baixa”.
MÁ NOTÍCIA – Não pense que nos outros 219 dias os brasileiros e os mato-grossenses estão livres para sucumbir ao apelo consumista. Canavarros destaca que além dos impostos obrigatórios, outros 113 dias são utilizados para que o trabalhador pague as despesas com serviços essenciais que não são ofertados ou que são falhos, como saúde, educação, segurança, transporte e moradia. “Este deveria ser o retorno da União, dos estados e municípios pelo montante arrecadado por meios dos impostos. Mas como eles (serviços) não vêm ou são insuficientes, somos obrigados a arcar com despesas de plano de saúde, combustível e ensino privado”. O diretor do IBPT destaca ainda que a carga tributária na Suécia, por exemplo, demanda 185 dias de trabalho do cidadão, porém há a contrapartida com a oferta de serviços públicos essenciais.
“Enfim, os 106 dias restantes do ano são destinados para o brasileiro viver. Arcar com bens de consumo, com a alimentação, o lazer, etc. Mas é preciso ter em mente que dos 365 dias do ano, dois terços estão voltados para o pagamento de impostos diretos e indiretos que recaem sobre cada um de nós. São 259 dias trabalhando para os cofres públicos”.
Fonte:Diário de Cuiabá