Momento pede cautela

27 de abril de 2007, às 0h00 - Tempo de leitura aproximado: 3 minutos

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A forte volatilidade dos preços do algodão no mercado internacional – com as constantes altas e baixas das bolsas – está deixando o produtor com um pé atrás na hora de fechar contratos. Muitos estão cautelosos, preferindo aguardar mais algum tempo para então comercializar o estoque final desta safra (06/07) que começa a ser colhida no próximo mês, no médio norte e norte do Estado. Para se ter uma idéia deste ‘estresse’ de mercado, em menos de duas semanas os preços no mercado internacional reduziram em 5,5%. A cotação da pluma passou 53,60 centavos de dólar por libra peso no dia 11, para US$ 0,50 na última segunda-feira.

“Os preços do algodão no mercado internacional têm alta volatilidade em função dos estoques de passagem dos Estados Unidos e do grande volume de consumo da China”, explica o analista de mercado Átila Santos Rosa, da Sun Consultoria, de Primavera do Leste (239 quilômetros o centro leste de Cuiabá), que vem acompanhando o comportamento dos preços mundiais e analisando as tendências para os próximos anos com base na produção, clima e variação das bolsas.

“Muitos produtores já negociaram algodão até 2010. Estes não terão chances de ganho com as altas que estão previstas e poderão deixar de contabilizar até 30% a mais, porque já venderam de forma antecipada a produção para as tradings”, afirma o analista.

SAFRA – Santos acredita que da atual safra em fase de desenvolvimento, restem cerca de 30% para serem comercializados daqui para frente. O mercado de clima norte-americano será decisivo para confirmar a previsão de alta. O mercado de clima se forma sobre as expectativas das condições meteorológicas previstas para o ano agrícola que se inicia neste mês nos Estados Unidos. Quanto piores forem as previsões de clima, aumentam as chances de perda de produção e com isso, as especulações sobre as cotações tornam-se positivas para Brasil e Argentina, sinalizando ganhos acima da média de mercado.

De acordo com Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa), a atual safra revela um incremento de 44% sobre a área plantada – que de 366 mil hectares para 527 mil) e 47% na produção – que passa de 1,317 milhões de toneladas para 1,936 milhões de algodão em caroço.

ATENÇÃO – Na avaliação de Santos, o produtor que ainda tem algum estoque deve “observar o mercado de clima” e esperar mais um pouco para negociar a safra. “O produtor deve aguardar o período de baixa e do de transição, fazendo o acompanhamento diário do mercado”, recomenda.

Na última quarta-feira, a bolsa de New York (New York Board Of Trade) apontava cotação de 51,34 centavos de dólar por libra peso. “Essa movimentação de preço vai dar a possibilidade de reação antes mesmo do que eu esperava”, afirma o analista, que acredita em alta dos preços nas próximas semanas, apesar da pressão do mercado para que a cotação caia.

Como os norte-americanos vão ter que exportar mais para a China devido ao crescimento do consumo naquele país, certamente ocorrerá uma alta nos preços. “E é neste momento que os cotonicultores mato-grossenses vão deixar de ganhar mais por terem antecipado suas vendas”.

Em 2003, segundo estatísticas da Sun Consultoria, o algodão foi negociado por US$ 0,45 por libra/peso, chegando a até US$ 0,73 no mesmo ano. Hoje os preços estão em torno de US$ 0,60 libra/peso e o mercado sinaliza para um preço de US$ 0,70 para o futuro, com aumento de preço de 30%.

Ele entende que o produtor deve buscar proteção para os preços dos seus produtos, no mercado futuro, negociando através das bolsas. “Acreditamos que esta ferramenta é a melhor forma de estruturar e definir bem uma estratégia de comercialização com gerenciamento de risco”, assinala.

Fonte:Diário de Cuiabá