Especialistas pedem mais controle sobre lodo de esgoto que vai para a agricultura

A sociedade precisa discutir novas formas de reciclar o lodo de esgoto e desenvolver mecanismos para controlar a qualidade do material destinado pela Sanepar a produtores rurais. Estas foram algumas das conclusões do 1.° Seminário Estadual sobre Uso de Lodo Agrícola, ocorrido na quarta-feira (11) no câmpus Jardim Botânico da Universidade Federal do Paraná, em Curitiba. O evento foi promovido pelo Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Crea) do Paraná.

A principal dúvida dos técnicos é em relação à qualidade do lodo destinado a produtores rurais da região metropolitana de Curitiba. A resolução 375 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), em vigor desde o ano passado, classifica o material em duas classes. O lodo classe A, submetido a vários processos de purificação, é o mais seguro para a agricultura. Já o classe B, obtido a partir da aplicação de cal, requer uma série de cuidados e só pode ser utilizado em algumas culturas.

Os técnicos da Sanepar dizem que o lodo da empresa tem “características similares” ao classe A – que, pela resolução do Conama, pode ter no máximo 0,25 ovo de helminto (vermes) por grama. Mas segundo a engenheira civil Marlise Tereza Eggers, da prefeitura de Curitiba, dois lotes analisados em 2005 apresentaram índices de 0,44 e 0,46. Marlise integra a comissão que analisa o contrato da prefeitura de Curitiba com a Sanepar.

“Pelos laudos apresentados, o Crea entende que o lodo produzido em Curitiba não é classe A”, afirmou José Croce Filho, coordenador da Câmara de Agronomia do Crea. “Precisamos discutir o assunto. Entendemos que a tecnologia da Sanepar não é a única”. A preocupação do presidente do Crea, Álvaro Cabrini Júnior, é similiar. “É preciso saber se a população está correndo risco de contaminação e se todo o lodo está sendo processado”, disse, lembrando que a população paga pelo tratamento do esgoto.

Fonte: Gazeta do Povo