Alta de 175,56% em MT

12 de abril de 2007, às 0h00 - Tempo de leitura aproximado: 4 minutos

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A emissão de cheques sem fundos em Mato Grosso aumentou 175,5% na comparação entre março de 2006 com março de 2007. O volume de devoluções passou de 0,90% para 2,48% no mês passado. Esta variação anual é a maior observada no período entre 19 estados pesquisados pela Telecheque, empresa de concessão de crédito no varejo.

De acordo com dados divulgados ontem, o volume de documentos devolvidos por falta de saldo praticamente triplicou no Estado. Neste ranking, abaixo de Mato Grosso está Pernambuco, com variação anual de 100,31% e a Paraíba, com alta de 81,18%.

Apesar da má notícia, o diretor da Telecheque na região Centro-Oeste, César Palácio, observa que no ranking de inadimplência, Mato Grosso, na comparação mensal, tem uma das menores taxas do país. “No mês passado, o Estado registrou o terceiro menor índice de devoluções, em fevereiro o segundo e em março do ano passado o menor entre os estados pesquisados. Nesta comparação mês a mês, Mato Grosso é considerado uma boa praça”.

Os números apurados pela Telecheque estão baseados no volume das operações feitas por intermédio da empresa. São comparados o montante emitido e o compensado. Em março de 2006, quando o Estado registrou a menor inadimplência do País, o índice de devoluções foi de 0,90%. Já no mês passado, os cheques sem fundo alcançaram percentual de 2,48%. Em fevereiro deste ano o índice foi de 1,65%. Na comparação março a março, há incremento de 175,56%. Já os números de fevereiro contra março revelam alta de 50.3%.

A Telecheque observa que no levantamento de março todos os 19 estados pesquisados apresentaram elevação da inadimplência, com base nos indicadores apurados em fevereiro. O Rio Grande do Norte, por exemplo, se destacou com o maior crescimento das transações financeiras realizadas com cheques sem fundos. Com índices de 3,18% em março e 1,01% em fevereiro, o Estado registrou aumento de 214,85%.

O presidente do Sindicato Intermunicipal do Comércio de Tecidos, Confecções e Armarinhos (Sincotec), Roberto Perón, confirma a alta mensurada pela empresa, mas ressalta que apesar do número de devoluções ter aumentado em relação a março de 2006, neste ano, verifica-se o aumento da recuperação, “ou seja, os consumidores que no primeiro momento estavam inadimplentes nesta modalidade de crédito correram atrás para sanar o débito”.

O presidente destaca que felizmente o volume de devoluções em geral é de cheques considerados de baixo valor, algo entre R$ 50 e que não passa de R$ 500. “Março não foi diferente dos outros dois primeiros meses deste ano. A inadimplência é o reflexo da falta de controle financeiro de todo início de ano, que mistura novas despesas – as compras, os presentes – com compromissos inadiáveis de todo começo de ano. De qualquer forma, as devoluções em março superaram as ocorridas no mesmo período do ano passado”. O Sincotec não tem como mensurar o volume de devoluções, nem em quantidade de documentos e nem em valores.

Perón explica ainda que ao menos no segmento de atuação, as vendas com cheque representam cerca de 10% a 15% das negociações. “A maior preferência na modalidade a prazo é pelo crediário e pelo cartão de crédito”.

ANÁLISE – O diretor da Telecheque na região Centro-Oeste explica que os índices de Mato Grosso, assim como de outros centros urbanos menos desenvolvidos, assustam num primeiro momento porque a oferta de crédito é mais recente nessas regiões, como, por exemplo, Centro-Oeste e Nordeste. “Há algum tempo a expansão de crédito foi feita intensamente no Sudeste e quando isso ocorreu lá os índices de inadimplência foram altos. Somente após o choque do acúmulo de dívidas é que as pessoas aprendem a lidar com esta oferta. Neste momento, a expansão de crédito está sendo interiorizada e a tendência é a equalização”.

BRASIL – O índice de cheques sem fundos no Brasil em março apresentou alta de 33,73% na comparação com o mês anterior. O indicador de inadimplência foi de 3,41% em março, enquanto em fevereiro o índice foi de 2,55%. Já em relação ao mesmo período do ano passado, o estudo apontou uma queda de 8,58%, quando o índice chegou ao patamar de 3,73%.

“Como reflexo das compras parceladas no final do ano e dos tradicionais compromissos financeiros no primeiro trimestre, como IPTU, IPVA, despesas com escola, etc., este período apresenta tipicamente maiores índices de inadimplência. No entanto, é importante avaliarmos que houve uma significativa queda comparando-se com o mesmo período do ano passado, e isso demonstra que o consumidor tem feito suas compras com mais controle e cuidado”, explica José Antônio Praxedes Neto, vice-presidente da Telecheque.

Fonte:Diário de Cuiabá