Visitantes produzem 500 litros de lixo
3 de abril de 2007, às 0h00 - Tempo de leitura aproximado: 2 minutos
Estão sendo recolhidos 500 litros em média de lixo por dia no Terminal Turístico da Salgadeira, no município de Cuiabá, principalmente após finais de semana e feriados. Um sinal de que ações ambientais não estão surtindo efeito. O local, um dos cartões postais de Mato Grosso, é freqüentado por público amplo e popular. A tendência é pensar que, por este fator, as lixeiras, que existem no jardim estejam sendo ignoradas. Mas não. Conforme a direção do complexo, 15% são os que sujam. E a maioria leva a fama pelo comportamento destrutivo da minoria.
Quem joga lixo no chão certamente não pensa em quem cata. No caso da Salgadeira, o “herói” é João de Jesus, de 60 anos. Das 7h às 17 horas, sua função, junto com mais um outro funcionário, é abaixar e levantar quantas vezes forem necessárias para limpar o ambiente. Isso, por R$ 350 mensais. Perguntado sobre quanto de lixo cata, ele responde: “Olha, é muito lixo, olha ali”, diz apontando para o aglomerado, resultado do último final de semana.
O difícil é encontrar alguém que admita estar na estatística dos que suja. Latinhas, garrafas, embalagens de bolacha e tocos de cigarro são em maioria no chão da reserva.
O biólogo Vilmar Alves, 40, carrega uma sacola no carro para levar de volta para casa o lixo que produzir na Salgadeira. De folga ontem, resolveu tomar um banho de cachoeira. Ele acha que há poucas lixeiras ali, mas o que falta mesmo é consciência. “Isso vem mais da família e da escola”, acredita.
O autônomo Léo Dantas, 38, critica a ousadia das pessoas. “Já vi gente jogar lixo no chão bem ao lado de uma lixeira”.
Com uma preocupação planetária, o hippie paulista Antunes Limas, 46, acha que o descaso com o globo é que gera este comportamento. Enquanto conversa, expõe artesanatos, pulseiras, brincos, anéis. É disso que vive. “Ninguém tá nem aí não”, avalia. Desde os anos 80, sua vida é viajar. Por onde anda, observa como as pessoas se relacionam com a natureza. “Em Pirinópolis (GO), a cidade é limpíssima”, cita: “acho que isso tem a ver também com a postura das autoridades”.
A Salgadeira está dentro do município de Cuiabá e a responsabilidade com a manutenção dela é da prefeitura.
O diretor de Meio Ambiente, Paulo Borges, explica que o serviço foi repassado à Associação de Defesa do Rio Cuiabá (Aderco), numa parceria. O presidente da Aderco, José Carlos Bassan, o Pardal, afirma que no prédio amarelo, construído no complexo, são ministradas atividades educacionais. O local serve também como alojamento. Para usar, é aberto. Já a pernoite, R$ 1 por pessoa.
O andarilho José Reinaldo dos Santos, 25, e a cachorra “Branquinha” moram ali já há 4 meses. Durante o dia, cata latinhas e as vende. Diz que faz isso por amor à natureza. No chão, já achou muita coisa, mas a mais valiosa foi uma carteira com R$ 340. “Devolvi, o dono estava desesperado, precisando do dinheiro para pagar a conta no bar”, lembra ele. Em agradecimento, recebeu R$ 20.
Fonte:Diário de Cuiabá