Equador não dá garantias à Petrobrás no país
28 de março de 2007, às 0h00 - Tempo de leitura aproximado: 2 minutos
Fonte: O Estado de S.Paulo
Chanceler equatoriana se reúne com o brasileiro Celso Amorim e afirma que relação deve ser ‘sustentável’
A ministra das Relações Exteriores do Equador, María Fernanda Espinosa, não deu ao chanceler Celso Amorim nenhuma garantia de que os investimentos da Petrobrás na extração e produção de petróleo de seu país serão preservados. Ao final do encontro no Itamaraty, ontem, María Fernanda limitou-se a assinalar que o novo governo equatoriano quer construir uma relação “sustentável e previsível” entre as empresas estrangeiras e as comunidades indígenas locais. Amorim, entretanto, afirmou que a Petrobrás manterá seus projetos de investimento no Equador.
O encontro entre os dois ministros teve o objetivo de preparar a visita ao Brasil do presidente equatoriano, Rafael Correa, no dia 4. Para a visita, está prevista a assinatura de cerca de dez acordos de cooperação técnica nas áreas de saúde, de educação e de infra-estrutura, além de um possível pacote para reduzir o superávit brasileiro no comércio bilateral, por meio da elevação das exportações equatorianas ao Brasil. No ano passado, esse superávit foi de cerca de US$ 860 milhões.
“Durante mais de 60 anos, os maiores passivos sociais e ambientais foram acumulados por essas comunidades”, disse a ministra. “Não posso sair pelo mundo pedindo garantias totais para que certas coisas não sejam feitas. Senão, parece que estamos querendo que essas coisas sejam feitas. É como nas relações humanas: você pede garantias todos os dias a seu marido de como vai ser em dois anos?”, escapou Amorim.
Presente no Equador desde 1996, a Petrobrás destinou investimentos de mais de US$ 430 milhões na exploração de dois blocos e na participação em um oleoduto. Para os próximos anos, prevê mais US$ 300 milhões. Mas ambos os blocos tornaram-se alvos de protestos ambientais e sociais, movidos especialmente pelas comunidades indígenas.
No início de fevereiro, Correa propôs uma “aliança estatal” nas áreas de refino e de exploração de petróleo para a Petrobrás e demais companhias do setor. Desde o dia 9, entretanto, a produção da Petrobrás está paralisada por causa dos protestos da população.
No Itamaraty, a chanceler María Fernanda afirmou que o pacote econômico que o presidente Correa anunciará nos próximos dias não tem a finalidade de “manter zonas cinzentas nem de criar incertezas” nos mercados. Sua declaração, entretanto, contrariou a mensagem de seu chefe, no sábado. O próprio Correa, ex-professor de Economia, afirmara que o país poderia dar um salto se não pagasse a dívida externa e seu objetivo seria provocar incertezas nos mercados – “especulativos”, como sempre os chama.
“A estratégica do governo (…) é causar incerteza nos mercados especulativos”, afirmou. “Reservamos o direito de não pagar a dívida se a situação do país não recomendar.”
Segundo a ministra, o pacote econômico estará focado na “responsabilidade corporativa, ambiental e trabalhista” e terá a finalidade de atrair investimento, criar empregos, expandir o crédito público e estimular as micro e pequenas empresas.