Campeão também em desmatamento no Estado

26 de março de 2007, às 0h00 - Tempo de leitura aproximado: 2 minutos

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Fonte:Diário de Cuiabá

Detentora da maior taxa de homicídios do país – 165 por 100 mil habitantes, segundo a Organização dos Estados Ibero-americanos – Colniza (município localizado a 1165 quilômetros a noroeste de Cuiabá) tem em seu índice de desmatamento outro fator negativo de notoriedade nacional.

Entre agosto de 2005 e julho de 2006, segundo levantamento por satélite do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), produzido pelas ongs Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) e Instituto Centro de Vida (ICV), nenhum outro município perdeu tantas áreas de floresta em Mato Grosso: 35,9 mil hectares.

Com uma área de 2,8 milhões de hectares, a maior parte deles ainda preservados, o município tem uma espécie de cadeira cativa no topo do ranking estadual desde 2002. Nos quatro últimos biênios, ficou duas vezes em segundo e duas vezes em primeiro lugar.

Em nível nacional, segundo o “Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia”, do Ministério do Meio Ambiente, o município foi o quarto colocado entre os 48 maiores devastadores da região, com uma área aberta equivalente à de 60 mil campos de futebol entre 2003 e 2004.

No biênio seguinte, já sob o efeito das operações policiais de combate à grilagem de terras e a exploração ilegal de madeira – Curupira I e II e Rio Pardo – o ritmo desse processo foi reduzido à metade e se estabilizou neste patamar (ver quadro).

Ainda assim, o município seguiu entre os principais palcos do desmatamento no país. Apenas no segundo semestre de 2006, Colniza perdeu quase 24 mil hectares – 19 mil em setembro, o equivalente a 15% de tudo o que foi desmatado em Mato Grosso naquele mês, segundo os dados do SAD.

MODELO – Considerados isoladamente, os números não dizem muito sobre o que ocorre na região. Há quem veja tais indicadores como uma mera decorrência do fato de ainda existirem no município grandes reservas a desmatar.

Mas quando o gráfico do desflorestamento é sobreposto ao de homicídios, porém, percebe-se uma estreita similaridade. As curvas são praticamente idênticas: as explosões de mortes entre 2003 e 2004, por exemplo, coincidem com o aumento no ritmo das derrubadas.

Se o próprio governo admite que a violência vivida naquele período foi decorrente da ausência do Estado, não parece lógico imaginar outro motivo para a manutenção de um processo de exploração que já tragou quase 10% das áreas do município, sem trazer o sonhado progresso.

Para o procurador da República, Mário Lúcio Avelar, Colniza é “um caso clássico na Amazônia”. “De um lado, sofre a ação devastadora de grupos criminosos com elevado poder político e econômico. De outro, o poder público é ineficaz para dar combate a estes esquemas”.