Perda de R$ 180 milhões
20 de março de 2007, às 0h00 - Tempo de leitura aproximado: 3 minutos
Os produtores de Mato Grosso deixam de ganhar anualmente cerca de R$ 180 milhões com a não utilização da variedade transgênica do milho. O levantamento é da Associação Brasileira dos Produtores de Sementes e Mudas (Abrasem), que quer a imediata liberação dos Organismos Geneticamente Modificados (OGMs) no plantio do milho.
Hoje, a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) realizará uma Audiência Pública, nas dependências do Senado Federal, sobre as variedades de milho geneticamente modificado que estão em processo de avaliação na CTNBio.
O Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB) explica que as discussões de hoje poderão ser decisivas à aprovação das três variedades (eventos) na próxima reunião da CTNBio, que será realizada no dia 22. “Se as dúvidas forem esclarecidas e não houver qualquer liminar, certamente as variedades serão aprovadas”.
Os três eventos são resistentes ao glufosinato de amônio e a insetos, como a lagarta, considerada um dos maiores inimigos da cultura, pois atacam dentro do cartucho do grão, estão na ‘fila’ para aprovação desde outubro do ano passado. Em dezembro, a CTNBio se manifestou anunciado que a decisão ficaria para 2007. (Veja mais sobre os evento abaixo)
O presidente da Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso (Aprosoja/MT), Rui Ottoni Prado, lembra que, no caso do milho, uma das vantagens são os benefícios proporcionados ao meio ambiente “em função da redução na aplicação de agrotóxicos nas lavouras”.
A Abrasem estima que Mato Grosso deixa de ganhar R$ 100 para cada hectare cultivado com o uso da biotecnologia na cultura do milho e, conseqüentemente, menor utilização de agrotóxicos nas lavouras. Em todo o país, as perdas são estimadas em cerca de R$ 400 milhões por safra, considerando a participação de 50% da área plantada com o auxílio da transgenia.
De acordo com estudos da Abrasem, o plantio de transgênicos, só em 2005, teria possibilitado a redução de emissão de mais de 9 milhões de toneladas de gases causadores do efeito estufa, o que equivale à retirada de circulação de mais 4 milhões de carro por ano.
“Além desses benefícios ao meio ambiente, conseguiremos reduzir os custos de produção e melhorar a competitividade do nosso produto no mercado externo”, frisa o gerente técnico da Aprosoja, Neri Ribas.
Segundo ele, Mato Grosso planta atualmente 1,8 milhão de hectares de milho por ano. Deste total, 1,3 milhão são milho safrinha. Os maiores produtores do grão em Mato Grosso são os municípios de Lucas do Rio Verde, Nova Mutum, Sorriso e Campo Verde.
Ribas acredita que com a aprovação da transgenia para a cultura do milho, os produtores terão mais uma opção para diversificar a sua atividade econômica e melhorar a renda.
PRODUTORES – Os produtores defendem a imediata liberação do plantio de milho transgênico em Mato Grosso, apontando algumas vantagens para a economia regional. “A primeira [vantagem] é que teremos menos uso de agrotóxico nas sementes”, destaca Clodoaldo Vivaldini, produtor de milho da região de Primavera do Leste (239 quilômetros ao centro leste de Cuiabá). No ano passado, ele plantou 5 mil hectares de milho, utilizando semente convencional.
“Se tivesse utilizado o milho transgênico, com certeza teria aplicado menos agrotóxicos e agredido menos o meio ambiente”, argumenta.
Ele defende a aprovação do uso imediato das sementes geneticamente modificadas “como forma de reduzirmos custos e melhorarmos a nossa competitividade no cenário internacional”.
A utilização dos OGMs é defendida também por pequenos e médios produtores. Moacyr Piotto, com 200 hectares de milho plantados na região de Jaciara (144 quilômetros ao sul de Cuiabá), diz que a transgenia deve ser aprovada pelo Congresso. “Os produtores brasileiros precisam dispor de uma ferramenta mais eficiente no que se refere à redução dos custos com a aplicação de agrotóxicos”, pondera.
O produtor lembra que os países concorrentes do Brasil já plantam, consomem e exportam milho transgênico. “Se eles fazem isso há mais de dez anos, por que não podemos fazer o mesmo?”
Fonte:Diário de Cuiabá