IFC aprova empréstimo para grupo Bertin após apresentação incompatível com projeto
14 de março de 2007, às 0h00 - Tempo de leitura aproximado: 1 minuto
Fonte:Amazonia
O corpo de diretores do IFC (Corporação Financeira Internacional) aprovou hoje o financiamento de US$90 milhões de dólares para atividade pecuária na Amazônia brasileira, em favor do Grupo Bertin. Entretanto, a diretoria foi aparentemente ludibriada com informações diferentes do projeto original no tocante a pelo menos dois dos aspectos mais controversos.
Conforme denunciou o Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais (FBOMS) em comunicado à imprensa, o projeto prevê seis instalações da Bertin em áreas críticas nos estados do Pará, Mato Grosso e Rondônia, dentre os quais apenas a região de Marabá (PA) foi alvo de estudos e consultas públicas.
Ainda assim, a apresentação de slides da gerência do IFC omitiu a existência de três instalações, incluindo uma fábrica na cabeceira do rio Xingu (MT), uma área considerada ‘ambientalmente frágil’ pelas ONGs, Também foi informado o prazo de um ano até que seja exigida, por parte dos financiadores, adequação mínima às leis ambientais (como titulação fundiária). O projeto original, entretanto, estabelece um prazo de dois anos.
Mau exemplo
Por fim, a equipe responsável pela apresentação mencionou um financiamento concedido ao Grupo Amaggi (do governador de Mato Grosso, Blairo Maggi) em 2004, como ‘exemplo’ para o projeto com a Bertin. Segundo informações divulgadas pelo próprio Grupo Amaggi em 2006, a taxa de fazendeiros de soja legalmente licenciados entre o pré-financiados pela Companhia, diminuiu de 27% em 2004 para 16% em 2005.
Uma auditoria feita pelo próprio IFC, na pessoa de seu ombudsman, em 2005, concluiu que a corporação havia seguido todos os procedimentos necessários para avaliação dos riscos socioambientais. Entretanto, tais procedimentos foram considerados insatisfatórios, as análises subjetivas e os critérios obscuros.
Vale ressaltar que o financiamento aprovado hoje está submetido aos Princípios do Equador, um modelo de normas mínimas ambientais adotado por bancos que respondem por 80% do financiamento de projetos em todo o mundo.