Matérias primas jogadas fora podem reduzir desmatamento

26 de fevereiro de 2007, às 0h00 - Tempo de leitura aproximado: 2 minutos

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Fonte: Jornal do Commercio

O aproveitamento de matérias primas que são habitualmente jogadas fora pelos agricultores ou agroindústrias pode contribuir também para a redução dos índices de desmatamento. A afirmação foi feita pelo gerente da Incubadora de Empresas de Design da UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro), Wagner Bretas, ao comentar projeto em que alunos da Esdi (Escola Superior de Desenho Industrial) usam matéria prima agrícola, como fibra de bananeira e pupunha, para fabricar produtos alternativos aos feitos com madeira de lei.

Os dois produtos foram chamados de bananaplac e compensado de pupunha. “Além de substituir outras matérias primas, evitando que se cortem madeiras nobres, retira-se algo que seria lixo orgânico, que seria um problema nas próprias plantações”. Ajuda-se o meio ambiente de duas maneiras: aproveitando o que não era aproveitado e inibindo o corte de madeiras nobres, explicou Bretas.

Compensado de pupunha

Além de móveis, fabricados para demonstrar a qualidade dos produtos, os estudantes desenvolveram uma linha de cadernos, que já estão à venda no Jardim Botânico do Rio e em papelarias. Os cadernos mostram as espécies de madeiras em extinção no Brasil. “Esse trabalho é para sustentar a pesquisa que eles estão desenvolvendo com materiais”, destacou o gerente da incubadora.

Segundo ele, a montadora de automóveis alemã BMW também solicitou à Esdi o compensado de pupunha para revestir painéis de veículos. Os estudantes desenvolveram, então, uma amostra especial do compensado, mais fina, que está sendo enviada à Alemanha.

A bananaplac e o compensado de pupunha já estão patenteados no Brasil. Agora os responsáveis pelo projeto cuidam do patenteamento internacional, tanto do processo produtivo quanto do material.

A Incubadora de Empresas de Design da UERJ já tem duas empresas pré-incubadas e deve entrar em funcionamento pleno nos próximos 90 dias. O Sebrae (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) apóia a implentação da incubadora. Há também um pedido de financiamento que está em análise na área técnica do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

A base para o projeto foi um trabalho com bambu, feito há cerca de dez anos por um ex-aluno da universidade, para testar novos materiais. A experiência serviu para que alunos da Esdi montassem a Fibra Design Sustentável, microempresa que atualmente está em processo de pré-incubação na Incubadora de Empresas de Design da Universidade. Já há estudo para se confecionar peças curvas de madeira.