Pesquisa beneficia moradia popular a partir do conceito “Faça você mesmo”

23 de fevereiro de 2007, às 0h00 - Tempo de leitura aproximado: 4 minutos

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Uma pesquisa apoiada pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) para o desenvolvimento de Kits “Faça você mesmo” direcionados à habitação de interesse social está avançando da cobertura para divisórias. A nova meta é desenhar móveis-divisória que criem diferentes ambientes na habitação popular, utilizando o conceito de modulação. Os estudos têm apoio do Programa de Tecnologia de Habitação (Habitare), que desde 1994 financia pesquisas no campo da moradia de interesse social.

O Kit de cobertura

Em um primeiro projeto financiado pelo Programa Habitare, o Núcleo de Design & Sustentabilidade da Universidade Federal do Paraná (UFPR) projetou um Kit de cobertura para a habitação de interesse social. O módulo tem peças de MDF, (material leve, resistente e reciclável) e chapas de aço galvanizado. Substitui pregos por encaixes. A equipe estima um custo até 60% menor do que o de coberturas em madeira.

Foram usados como requisitos para desenvolvimento do kit a necessidade de ser leve, compactável, de montagem fácil, rápida e intuitiva, podendo ser realizada, preferencialmente, por duas pessoas não especializadas. O modelo está em fase de validação e geração de material de instruções e de divulgação. Um protótipo físico foi construído em parceria com a Associação de Moradores Águas Claras, no município de Piraquara (PR). A construção será utilizada pela associação para abrigar loja de artigos produzidos pelos artesões da comunidade.

Melhoria de qualidade na autoconstrução

No novo projeto para desenvolvimento de móveis-divisória a proposta continua sendo adequar o conceito DIY, ou do-it-yourself, para a habitação de interesse social. O coordenador do projeto, professor Aguinaldo dos Santos, do Núcleo de Design & Sustentabilidade, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), lembra que na moradia popular é freqüente que parâmetros de desempenho, como boa iluminação, ventilação e acústica, não sejam atendidos. A situação é agravada pela realidade do país, onde a grande maioria das habitações populares acaba sendo construída por processo de autoconstrução. Isso porque ao mesmo tempo que barateiam a produção de moradias, os mutirões esbarram na falta de mão-de-obra especializada, em problemas técnicos e construtivos que muitas vezes geram condições precárias de habitabilidade na moradia popular. A equipe envolvida no projeto espera que os produtos DIY ofereçam, por exemplo, a oportunidade de antecipar possíveis erros de montagem.

“A junção do conceito de modulação associado ao conceito do-it-yourself é a proposta do projeto, que pretende contribuir com a melhoria do processo de autoconstrução, incorporando soluções que resultem em qualidade de vida para o morador de baixa renda”, explica o professor. Existe também a expectativa de que a apresentação de produtos em kits facilite a articulação entre governo e indústria para a obtenção de benefícios fiscais para a habitação de interesse social.

O Núcleo de Design & Sustentabilidade trabalha com o desafio de demonstrar para a indústria como deveriam ser desenvolvidos produtos em módulos para a construção habitacional. Além disso, busca incorporar a preocupação com a sustentabilidade no desenvolvimento dos módulos, especialmente em relação ao ciclo de vida dos materiais e redução de recursos envolvidos na produção dos componentes.

União de esforços

Outro desafio é fazer a conexão destes produtos e sistemas com outros, já que o trabalho é apoiado com recursos do Programa Habitare em Edital que preconiza o trabalho de pesquisa em rede, com base na coordenação modular. De acordo com o professor Aguinaldo Santos, há muitos anos o país conta com normas sobre modulação, mas em muitos casos as regras não são respeitadas ou mesmo conhecidas por profissionais da indústria e academia. Por isso, há um grande número de produtos que “não conversam entre si”, tanto espacialmente como funcionalmente.

O projeto tem a Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar) e a Companhia de Habitação de Curitiba (Cohab) como parceiras e também conta com apoio financeiro do CNPq. No setor produtivo vem trabalhando com as empresas Embrart (especializada no setor de cartonagem), Placa Centro (especializada no processo de provimento de serviços de processamento de artefatos de madeira) e Masisa (empresa especializada no processamento da madeira para obtenção de produtos como OSB e MDF) .

Mais informações com o professor Aguinaldo dos Santos, fone (41) 3360 5313, e-mail: asantos@ufpr.br

Fonte: Assessoria de Imprensa do Programa Habitare