Poli-USP cria embalagem comestível e biodegradável

29 de janeiro de 2007, às 0h00 - Tempo de leitura aproximado: 2 minutos

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Um filme plástico comestível, biodegradável e com propriedades antimicrobianas, desenvolvido na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP), poderá ser uma nova opção para a fabricação embalagens de alimentos. O novo produto, um polímero natural feito a partir de amido de mandioca e açúcares, é resultado do projeto de pós-doutorado da engenheira química Cynthia Ditchfield, do Laboratório de Engenharia de Alimentos, do Departamento de Engenharia Química da Poli.

Segundo Cynthia, o novo polímero poderá ser usado para fabricar embalagens ativas, que apresentam vantagens em relação às convencionais. A principal delas é que, além de proteger, elas interagem com o produto. “Existem muitos tipos de embalagens ativas”, diz Cynthia. “Como as antioxidantes que retardam a oxidação do produto, as que mostram se o produto passou por alterações de temperatura durante a estocagem e as antimicrobianas que evitam o crescimento de microrganismos e a degradação do produto, entre outras”.

Nesse projeto, Cynthia, que faz parte de uma equipe supervisionada pela professora Carmen Tadini, procurou criar uma embalagem que fosse biodegradável e ativa ao mesmo tempo, já que a maioria dos outros estudos opta por uma ou outra dessas características. Para isso, a pesquisadora acrescentou ingredientes naturais que atuam como antimicrobianos (inibem ou retardam o crescimento de microrganismos) ao filme base, de modo a ter uma embalagem que pudesse ser empregada para aumentar a vida de prateleira, principalmente de produtos alimentícios.

Testes

Foram testados vários compostos que são conhecidos por apresentar atividade antimicrobiana, como mel, extrato de própolis, cravo e canela em pó, óleo essencial de laranja e café. Os testes mostraram que, com a incorporação desses ingredientes, a resistência e a flexibilidade dos filmes podem ser alteradas, assim como a sua capacidade de proteção do produto em termos de barreira à umidade. “Ainda precisamos aperfeiçoar o polímero nesses aspectos”, diz Cynthia.

De acordo com a professora Carmen, o produto ainda não está pronto para ser industrializado. “Estamos na fase dos ensaios preliminares”, explica. “Estamos tentando otimizar sua fabricação em nível de laboratório de modo a melhorar seu desempenho como material de embalagem. Vencida esta etapa, outro grande desafio se apresentará, que é o desenvolvimento do processo de elaboração dos biofilmes em escala industrial”.

Cynthia acredita, no entanto, que o filme possa vir a interessar às empresas e trazer benefícios para o país. “O Brasil é o segundo produtor mundial de mandioca e de sacarose, e ambos são empregados nessa embalagem”, explica. “Dentre os compostos antimicrobianos testados, o país produz e exporta todos eles. Por isso, o filme que desenvolvemos poderia agregar valor a produtos nacionais.”

Vantagens

A pesquisadora acrescenta que, além dos ganhos econômicos, haveria também o benefício ambiental da embalagem biodegradável e comestível, reduzindo a quantidade de lixo gerada. “Outro aspecto interessante seria a substituição de conservantes sintéticos, que são incorporados aos alimentos para aumentar a sua durabilidade, por compostos naturais que são mais seguros para o consumidor”, diz.

O projeto foi desenvolvido com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e de uma bolsa Prodoc, da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior do Ministério da Educação (Capes).

Fonte: Cruzeiro do Sul / Cruzeironet