Ministério confirma interesse de investidores internacionais em produzir biocombustíveis no Brasil
22 de janeiro de 2007, às 0h00 - Tempo de leitura aproximado: 2 minutos
O Ministério de Desenvolvimento Agrário (MDA) confirma que há interesse de investidores, entre grupos nacionais e multinacionais, na produção de biocombustíveis no Brasil.
Segundo a coordenadora de Biocombustíveis da Secretaria de Agricultura Familiar do ministério, Edna Carmelio, “grandes empresas de capital nacional que já plantavam soja passaram a produzir biodiesel”. Ela informou que costuma receber empresários, representantes de fundos de investimentos e de pensão “interessados em alocar recursos nesse setor”.
Para a secretária, é possível utilizar a terra de forma racional, sem prejudicar o meio ambiente ou ameaçar a segurança alimentar: “Há exemplos, em São Paulo, de empresas que já plantavam cana e que passaram a aproveitar o período de descanso da terra para cultivar amendoim”. Assim como o girassol e o dendê, o amendoim é uma fonte de óleo vegetal com o qual se pode produzir o biodiesel.
Também em São Paulo, ela citou empresas que além de manterem produção própria, fecharam contratos com cooperativas de outras regiões. “Há um movimento em busca de matérias-primas. Não é como a cana, em que a indústria está em uma localidade e a matéria-prima está ao redor. O óleo para a produção do biodiesel vem de grãos que podem ser transportados e armazenados, o nos permite aproveitar de forma mais inteligente a potencialidade da terra, abastecendo o mercado nas entressafras”, apontou.
Entre janeiro e novembro de 2006, o país produziu cerca de 55 milhões de litros de biodiesel – somente em novembro foram cerca de 17 milhões de litros, informou. E acrescentou que a Petrobras tem comprado e distribuído praticamente todo o biodiesel produzido no país. A exportação, no entanto, ainda é pequena e precisa ser autorizada pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). “Ainda estamos consolidando nosso mercado interno, mas se houver interesse de um empresário, não haverá obstáculo”, disse.
A secretária detectou uma tendência para que ocorra com o biodiesel o mesmo que com o etanol: “Desde o ano passado, com a corrida dos países europeus para adquirir combustíveis renováveis, passamos a exportar volumes expressivos de etanol”.
Edna Carmelio citou ainda estudo da Embrapa indicando que se o Brasil utilizar a terra de forma racional, pode produzir o biodiesel necessário para substituir o diesel comum e ainda exportar o excedente: “Sem derrubar uma só árvore, podemos produzir em escala. Sem concorrer com a produção de alimentos e respeitando o meio ambiente”.
O governo, segundo ela, tem concedido benefícios aos produtores. “Queríamos que o biodiesel fosse produzido em larga escala e que gerasse empregos e inclusão social. Para estimular isso, demos estímulos tributários às empresas que trabalham com agricultores familiares. Quanto mais essas empresas compram da agricultura familiar, menos impostos federais elas pagam. E os financiamentos a projetos industriais são um incentivo: o BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social] já liberou mais de R$ 200 milhões para o setor”.
Alex Rodrigues e Grazielle Machado/ Agência Brasil