Com ‘energia limpa’, empresa lucra R$ 8 mi
22 de janeiro de 2007, às 0h00 - Tempo de leitura aproximado: 2 minutos
A maior empresa privada de eletricidade do Brasil, responsável por cerca de 8% da geração total de energia elétrica do país, negociou a venda de 190 mil toneladas de créditos de carbono, equivalentes à não-emissão de 9.047 mil toneladas de gás metano. A redução de poluentes é conseqüência da construção de uma nova usina na cidade de Lages (SC), que tem a capacidade de gerar 28 MW por dia de energia a partir da queima de restos de árvores compradas de fábricas de papel e madeireiras da região. Com isso, a empresa aproveita a madeira que seria decomposta naturalmente, processo que gera o gás metano, um dos causadores do efeito estufa. Graças a essa medida, a companhia Tractebel recebeu 3 milhões de Euros (pouco mais de R$ 8 milhões), provenientes da venda dos créditos para uma empresa japonesa.
A unidade de Lages começou a funcionar em dezembro de 2003, após um investimento de R$ 180 milhões. O município é considerado o maior pólo madeireiro de Santa Catarina e concentra cerca de 18% da floresta de pinus do país. “Fizemos um acordo e duas empresas recebem vapor da nossa produção para as atividades em suas usinas e nos dão resíduos de madeira, mas também compramos uma parte fora”, conta Manuel Torres, presidente da Tractebel. De acordo com ele, são usadas por mês cerca de 20 mil toneladas de cascas, pontas e outros pedaços de árvores que seriam descartados na natureza e gerariam gás metano.
Esses gases poluentes que deixaram de ser liberados na atmosfera é que foram convertidos nos créditos de carbono, após a inspeção e a aprovação do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo do Protocolo de Quioto, organismo mundial que cuida do assunto. Nesta quinta-feira, a empresa também assinará um acordo com o Banco Mundial para a venda de 88 mil toneladas de carbono equivalente por ano, que estarão submetidos a inspeções anuais. “Esse tipo de ação cria valor para a empresa e também para a sociedade. É uma forma de criar um processo de desenvolvimento sustentável e construir uma cultura para futuros projetos”, diz o executivo.
A companhia, segundo Torres, estuda também a realização de outras usinas baseadas na queima de biomassa. “Esse tipo evita a emissão de gases de efeito estufa. Além de evitar que o metano vá para atmosfera, pela decomposição da madeira, evita emissões de dióxido de carbono, que são gerados por usinas que usam combustíveis fósseis”, destaca. A empresa tem ainda outras doze usinas hidrelétricas e térmicas, que juntas tem a capacidade de gerar 5.860 MW por dia para os Estados do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul e Goiás.
Fonte: Talita Bedinelli / PNUD Brasil