Presidente da Amaest fala sobre campanha “Abril Verde”
9 de abril de 2019, às 17h03 - Tempo de leitura aproximado: 3 minutos
Durante o mês de abril, órgãos públicos e instituições engajadas nas questões relativas aos acidentes de trabalho aderem à campanha Abril Verde, uma forma de promover a conscientização sobre a importância da segurança e da saúde do trabalhador brasileiro. O mês de abril foi escolhido porque o dia 28 é dedicado à memória das vítimas de acidentes e de doenças do trabalho. Sobre o tema, a Equipe de Comunicação do Crea-MT conversou com a presidente da Associação Mato-grossense de Engenheiros de Segurança do Trabalho (Amaest) Suzan Lannes. Confira!
Pergunta – Como o assunto é tratado atualmente pelos órgãos responsáveis?
Resposta – O papel da Justiça do Trabalho e demais órgãos e até mesmo associações como a Amest, ao aderir à campanha, não é o de amparar as vítimas, mas o de alertar a população de que acidentes de trabalho não ocorrem por acaso, mas por descaso. Cito como exemplo três grandes tragédias recentes que se enquadram como acidentes de trabalho: o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho (MG), o incêndio no Centro de Treinamento do Flamengo no Rio de Janeiro (RJ) e o acidente de helicóptero que vitimou o jornalista Ricardo Boechat em São Paulo (SP). Nosso papel neste momento, além de prestar homenagens, é fazer tudo o que for possível para mudar o cenário em que o acidente parece ser inerente ao trabalho. Anualmente, o número de vítimas de acidentes chega a oito ou nove vezes o de Brumadinho. A questão é que os acidentes não ocorrem de uma vez, mas espaçados durante o ano.
Pergunta – Então a prevenção ainda é o melhor caminho para reduzir os acidentes de trabalho?
Resposta – O paradigma inicial das ações relativas ao tema antigamente era o da proteção, com o incentivo para ao uso de equipamentos de proteção individuais os EPIs o cenário mudou e o foco agora é a prevenção. Precisamos impor a prevenção, que envolve os conceitos de proteção e de precaução. Se os empregadores não procurarem se antecipar aos fatos, acidentes como os que aconteceram recentemente continuarão acontecendo no país. É mais barato, inclusive, prevenir e evitar do que reparar os danos já causados. Os órgãos competentes devem tornar real o que já existe na lei. Não há falta de norma, há falta de efetividade e condenação com base no que já existe. É preciso formular, pôr em prática e reexaminar periodicamente uma política nacional coerente em matéria de segurança dos trabalhadores e do meio ambiente do trabalho.
Pergunta – Existem sugestões de ações para tornar isso mais real?
Resposta – As campanhas de conscientização precisam ser mais populares. Já temos vários prédios públicos que ficam iluminados na cor verde este mês do ano, monumentos. A Amaest por exemplo, em parceria com o Sindicato dos Técnicos de Segurança do Trabalho do Estado de Mato Grosso planejam realizar no dia 28 de abril um passeio ou caminhada precedida por uma audiência pública, onde serão convidados nomes importantes para discutir o assunto. Queremos que a conscientização chegue para todos. É importante lembrar que apesar de tratarmos de números, cada número representa uma família que tem um ente querido que foi trabalhar e não voltou.
*Jornalista Rafaela Maximiano/Equipe de Comunicação do Crea-MT