AINDA SOBRE CRÉDITOS DE CARBONO
21 de agosto de 2012, às 15h12 - Tempo de leitura aproximado: 4 minutos
Vejo, pela discussão do tema, que já se avançou bastante. A locomotiva está girando as rodas, mas não sai do lugar. Está patinando…… É necessário despejar areia nos trilhos para que a composição se movimente. Essa areia que está faltando e que deverá em breve ser utilizada, também não se sabe com clareza aonde se encontra.
Alguns desses grãos de areia, eu e talvez – como tantos outros – os encontrei, certamente. Pela prática de mais de 25 anos de experiências, utilizando tecnologia tupiniquim por mim criada, pela persistência transmitida pelo sangue húngaro que me corre nas veias, pelos investimentos proibitivos e perdidos feitos e ainda sem recuperação, e muito, mas muito desgaste emocional, são fatos que me tem levado rumo à descrença e ao desespero, mas afortunadamente me permitiram que essa areiazinha fosse encontrada.
Os grãos de areia aos quais me refiro, são os grãos da audácia por acreditar na Natureza. Natureza essa, quando não danificada pela voracidade canibal, egoísta, burra e mercenária do homem, desabrocha e se recupera, mostrando o quanto é possível acontecer de bom, nessa parceria homem com o Deus-Criador-de-tudo.
Os capitalistas só enxergam cifrões e nada mais. Não sabem que, com as mudanças do clima, inexoravelmente, perderão tudo que imaginaram ter amontoado. Esses povos pagãos, guerreiros – que fazem guerras inconseqüentes só para movimentar as economias próprias e a de seus aliados mercenários capitalistas selvagens, não têm a mínima capacidade de vislumbrar – nada mais que diamantes e ouro, acumulado para um número cada vez menor de bestas infernais.
Os grãos de areia aos quais me reporto são aqueles que foram lançados em montanhas carecas, criadas pela agricultura desnecessária dos venenos, frutos da burrice e pelo fogo. Essas carecas lisas e escorregadias montanhas, tal qual os trilhos do trem, quando deixadas em paz, quando bem tratadas e protegidas da insanidade de poucos, se restabelecem, permitindo que vegetais pioneiros se reinstalem, preparando o ecossistema depauperado, em um ambiente propício para os vegetais mais sensíveis à inclemência do sol-à-pino, dos ventos secos, da falta de absorção das gotas das chuvas, que caem e se vão, se reinstalem.
Esse trabalho de amor, de namoro com a natureza, só pode ser feito desta forma. Esse casamento entre humanos solidários, transformou a calvice, em morros – hoje cobertos com matas nativas, cheias de umidade, vida, insetos, sementes, frutas, pássaros e animais silvestres. O mais importante de todo o enredo amoroso com a Natureza, resultou no ressurgimento da água doce.
Essa reconstrução exitosa de 23 anos de duração, vivenciada pacientemente através da eterna vigilância, afastou sempre os seres do mal: caçadores, saqueadores, incendiários, ladrões de palmeiras, poluidores e outros seres cheios de rancores, ódios e maldades e assim, a vitória do bem sobre o mal, aconteceu.
O Criador confirmou que se formaram as primeiras “commodities ambientais”. Disse ainda que a água doce que voltou a purgar nas fontes e serpentear nos córregos, foi novamente colocada à disposição do ser humano do bem.
Disse também, que o milagre da natureza quando da aliança com à mão amiga do ser humano, restabeleceu também o equilíbrio com a atmosfera. O dióxido de carbono liberado nos escapamentos automotivos dos seres do mal, fora seqüestrado pelos vegetais via fotossíntese, seqüestrando-o transformou tudo em folhas, raízes, galhos e troncos.
Diante desse milagre oferecido pelo CRIADOR, permite-se que milhares de pequenos agricultores proprietários de fragmentos da Mata Atlântica no Sul do Brasil possam realizar muito em beneficio do equilíbrio da atmosfera.
Certamente o CRIADOR – de dedo em riste, aponta para os governadores que não desconhecem o protocolo de KIOTO, bem como os compromissos que o Brasil assumiu em The Hague em novembro de 2000 e mais recentemente em Johanesburg na África. Esses mesmos governadores sabem muito bem o que é um MDL, mecanismo de desenvolvimento limpo. Sendo assim, poderão fazer uso de um novo contingente de profissionais e científicos que recomendarão programas de geração de produtos ecologicamente corretos, entre eles os programas de reflorestamento de margens de rios, de áreas de preservação permanente, de bacias de captação de água, entre tantos outros. Oferecerão recompensas justas para os que tratam bem da Natureza, catalogando esse universo de proprietários rurais, que nos últimos 30 anos, foram penalizados e lançados à marginalidade, por terem preservado e plantado florestas nativas. Transformaram – cada minifúndio coberto com Mata Atlântica, em Produto Ambiental, certamente recomendarão esses governantes, trocá-los por créditos de carbono, num elegante enlace com as eco-ONGs, entidades certificadoras dos imóveis preservados.
Com a aprovação do ICMS verde ou ecológico, estará criado o fundo que poderá financiar e garantir a permanência dessas matas seqüestradoras de CO² e produtoras de água doce. Essa propositura será reconhecida por muitos. Chegou a hora da verdade. Acabou o discurso acadêmico vazio e enganador e sem conteúdo prático. Acabou, por que a atmosfera não espera e vai continuar esquentando. Nenhum dos pomposos títulos universitários do modernismo terceiro-mundista, vai conseguir parar com os ventos de mais de 160 km. por hora, ou reduzir as precipitações de centenas de centímetros, trombando cidades em questões de minutos.
Não haverá companhia de seguros – nacional ou internacional – que aceite pagar prêmios pelo patrimônio vitimado pelas mudanças do clima.
Quem viver verá.
Eng. Agr. Gert Roland Fischer – diretor de Pesquisa Agropecuária da FAPESC (gfischer.joi@terra.com.br)