Após problemas na Bolívia, Brasil investe no gás de países distantes
28 de maio de 2007, às 0h00 - Tempo de leitura aproximado: 2 minutos
Um dos principais projetos da Petrobras para minimizar os riscos de desabastecimento de gás natural, após os problemas enfrentados na Bolívia, é a inserção do gás natural liqüefeito (GNL) na matriz energética do país.
A estatal construirá duas plantas de regaseificação – na Baía de Guanabara (RJ) e no Porto de Pecém (CE) – que devolverão ao estado gasoso o gás líquido importado de países de regiões mais distantes, como Argélia, Nigéria (África), Catar e Omã (Oriente Médio), além de Trinidad e Tobago, na América Central.
Este gás se destinará basicamente às unidades térmicas de geração de energia, 13 das quais são da própria empresa. E só será utilizado, a princípio, caso falte água e as hidrelétricas não gerem a quantidade necessária de energia, segundo a Petrobras.
A contratação de duas embarcações da empresa norueguesa Golar LNG para os terminais fluminense e cearense marca a entrada da Petrobras no mercado mundial de GNL. As duas unidades flutuantes de regaseificação e armazenamento podem também ser usadas no transporte do gás líquido.
O fretamento dos dois navios, aprovado no final do mês passado, custará cerca de US$ 90 milhões por ano, incluindo as despesas de operação.
Uma das unidades terá capacidade de regaseificar até 14 milhões de metros cúbicos de gás por dia e a outra, até 7 milhões – o Brasil consome quase 50 milhões. Ambas poderão operar em qualquer um dos terminais. Segundo a Petrobras, a primeira unidade deve entrar em operação no primeiro semestre de 2008.
Além de marcar a entrada da companhia no negócio de GNL, o projeto atende aos objetivos estratégicos de aumentar a flexibilidade do mercado brasileiro de gás natural para as necessidades de geração termelétrica, diversificar as fontes de suprimento e antecipar o desenvolvimento deste mercado.
Além disso, há uma conveniência do ponto de vista mercadológico. Segundo a Petrobras, a demanda por gás nas termelétricas é maior quando os reservatórios das hidrelétricas estão mais vazios, o que ocorre de maio a outubro, época em que a procura por GNL no mercado internacional é menor.
Na avaliação da estatal, o Projeto GNL é “a melhor solução técnica e econômica encontrada para viabilizar o suprimento flexível de gás”, tanto no curto quanto no longo prazo, disponibilizando gás natural nas regiões Sudeste e Nordeste do país e garantindo a confiabilidade das termelétricas.
A Petrobras explica que as duas embarcações norueguesas serão instaladas em águas abrigadas, próximo à rede de transporte e aos mercados consumidores. Um duto vai conectar o píer ao continente, onde o transporte do gás natural estará integrado ao sistema de gasodutos da companhia.
Por estar “essencialmente voltado para a demanda flexível das termelétricas”, de acordo com a Petrobras, o terminal da Baía de Guanabara ficará próximo a três grandes usinas (Barbosa Lima Sobrinho, Leonel Brizola e Mário Lago). Já o de Pecém, além do suprimento a termelétricas (TermoFortaleza, TermoCeará e Jesus Soares Pereira), vai suprir também parte do mercado industrial da região Nordeste.
Fonte: Agência Brasil