Biodiesel: Mamona ainda é considerada inviável
1 de fevereiro de 2007, às 0h00 - Tempo de leitura aproximado: 2 minutos
Ele informa que atualmente não se tem dados oficiais sobre a oferta e a demanda internacionais por óleo de mamona. “Mas acredito, em um cálculo bem superficial, que seria necessário aumentar em quatro a cinco vezes a oferta dessa oleaginosa para que o preço fique viável para fabricação do biodiesel”, estima Biegai Júnior.
O diretor-substituto do Departamento de Cana-de-Açúcar e Agroenergia do Ministério da Agricultura (Mapa), José Nilton Souza Vieira, considera que é possível aumentar a produção de mamona e mudar esse quadro de preços valorizados – que é considerado sofisticado, para uso principalmente como lubrificante do setor de aviação e para automóveis de auto-desempenho.
“Acredito ser possível, mas não sabemos exatamente quanto deveríamos produzir a mais de mamona para chegar a um preço que viabilize a produção do biodiesel”, afirma. Ele prefere não avaliar possíveis equívocos na vinculação do incentivo da produção de mamona ao programa do biodiesel. “Do meu ponto de vista, estamos na fase incipiente do programa, que é a restruturação da cadeia produtiva”.
A indústria recebe isenção total dos impostos federais na proporção que adquirir de mamona ou palma da agricultura familiar das regiões norte, nordeste e do semi-árido. Outra questão negativa do uso de óleo de mamona, segundo o analista da Safras & Mercados, há limitações técnicas para uso desse óleo na produção de combustível. “Trata-se de um óleo viscoso e corrosivo”, afirma. Vieira, do Mapa, concorda que há limitações por conta da viscosidade desse óleo, que pode ser misturado num percentual de até 2% no diesel, sem problemas químicos, segundo ele.
“Por outro lado, o óleo de mamona tem características de lubrificação que permitem substituir o uso do enxofre na mistura, que é um forte agente causador da poluição”, pondera Vieira. “O que ocorre é que empresas que adquiriram incentivo fiscal no programa de biodiesel, podem não estar utilizando a mamona na fabricação de biodiesel”, segundo Biegai.
Mas não há na legislação, nada que impeça essa prática. De acordo com Vieira, de fato a legislação de incentivo ao biodiesel é omissa nessa questão. Define a região, a matéria-prima e o público (agricultura familiar) mas não especifica se essa matéria-prima deve efetivamente ser utilizada para a produção do biodiesel.
Fonte: Gazeta Mercantil