BNDS e ALL – Eliminando gargalos
5 de janeiro de 2007, às 0h00 - Tempo de leitura aproximado: 2 minutos
Cifras anunciadas pelo BNDES serão aplicadas na recuperação
da infra-estrutura existente e não na expansão, avisa ALL
A América Latina Logística (ALL), atual controladora da Ferronorte, descartou investimentos a curto e médio prazos na expansão da sua malha ferroviária. A informação vale para Mato Grosso que espera pela retomada das obras da ferrovia Senador Vicente Vuolo até Cuiabá. Os recursos anunciados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), ontem, na ordem de R$ 1,12 bilhão, serão aplicados em ações que visam à eliminação de gargalos logísticos, por meio da melhoria e recuperação da malha e estrutura existentes. Sem discriminar valores, a ALL informa que os investimentos contemplam, entre outros, melhorias na infra-estrutura dos terminais de Alto Araguaia e Alto Taquari, ao sudeste de Cuiabá, que fazem parte do trecho mato-grossense da ferrovia (Ferronorte).
O plano de financiamento junto ao BNDES está dividido na compra de vagões via clientes (35%), via permanente (25%), locomotivas (25%) e tecnologia, terminais e outros (15%). Nos próximos quatro anos (2006 a 2009), a ALL terá injetado R$ 2,87 bilhões.
Do total do crédito via BNDES, R$ 985,3 milhões serão concedidos à ALL Brasil e Novoeste e os R$ 138,4 milhões restantes financiarão os investimentos na Ferronorte e na Ferroban nos anos de 2008 e 2009, uma vez que estas ferrovias já possuem uma linha de financiamento de R$ 265 milhões que contemplam os investimentos até o final de 2007 (aprovado em outubro de 2005). “Nesta etapa a prioridade é recuperar a malha viária e ampliar a capacidade de movimentação de cargas”, frisa a ALL, por meio de sua assessoria.
A conduta de trabalhado reforçada ontem pela ALL já havia sido anunciada pelo diretor da empresa, Paulo Basílio, em novembro, durante reunião com segmento produtivo estadual, em Cuiabá. Na ocasião, ele frisou diversas vezes que não queria “criar falsas expectativas” e deixou claro que a continuidade do projeto até Rondonópolis (210 quilômetros ao Sul de Cuiabá) e de lá até Cuiabá, não será custeada com caixa próprio. “Nosso know-how é operar. Damos produtividade ao sistema. Os trechos só sairão do papel por meio de parcerias”, avisou.
O financiamento do BNDES casa perfeitamente em outro anúncio que o executivo fez na última visita à Cuiabá: “Reestruturação é prioridade zero para a ALL em 2006 e 2007”.
A ALL pretende com todos os investimentos criar condições para a ferrovia rodar com eficiência e produtividade. “Atualmente o maior gargalo é interno: falta de produtividade”.
Em novembro, Basílio havia anunciado que a organização e revitalização da malha ferroviária – composta pela Ferronorte, Ferroban e Novoeste – receberiam R$ 100 milhões e justificou: “Atualmente, não consigo escoar nem 40% da demanda em Alto Araguaia. Por mais que existam outras milhões de toneladas que assegurem a viabilidade de novos investimentos em expansão de malha em Mato Grosso, não posso transportá-las nas atuais condições”.
Dentro desta reestruturação, a ALL quer reduzir as distâncias entre os indicadores da empresa e da Brasil Ferrovias (BF), adquirida em junho pela ALL. Até novembro, antes da fusão das atividades das duas operadoras, a BF registrava cerca de três acidentes/dia, tinha consumo de diesel acima do que é registrado na frota da ALL e também maquinário mais antigo.
Fonte: Diário de Cuiabá.