Bolívia oferece à Petrobras 1/3 do valor das refinarias
4 de maio de 2007, às 0h00 - Tempo de leitura aproximado: 3 minutos
O vice-presidente da Bolívia, Álvaro García Linera, disse hoje à agência estatal de informações que o país está disposto a pagar apenas um terço do valor pedido pela Petrobras para as duas refinarias. Segundo ele, o valor será de US$ 60 milhões.
Ele também pediu mais “flexibilidade” por parte da estatal brasileira na negociação com a Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB). “Eles manejam um preço a partir de um determinado cálculo e nós temos feito outro cálculo com base na informação de livros da empresa”, ponderou.
A Petrobras iniciou as negociações com um valor superior a US$ 180 milhões, podendo alcançar US$ 200 milhões. Esse valor já está em níveis mais baixos. “Oxalá encontremos flexibilidade por parte da Petrobras. Não se pode aceitar US$ 120 milhões ou US$ 150 milhões porque teríamos problemas legais”, explicou ele à Agência Bolívia de Informações (ABI). Ele disse que o valor das refinarias será avaliado a partir de um estudo.
O ministro de Hidrocarbonetos da Bolívia, Carlos Villegas, comunicou à Petrobras que aguardará 10 dias para fazer um acordo amigável sobre as duas refinarias. Terminado esse prazo, o presidente Evo Morales ordenará o cumprimento do decreto de nacionalização, que prevê a tomada do controle dos ativos e a sua transferência para a YPFB.
Uma fonte diplomática, que acompanha de perto os bastidores da negociação, afirmou que o ultimato levou a Petrobras a refazer os cálculos para tentar se aproximar ao valor ofertado pelo governo boliviano e tentar alcançar um acordo que evite os danos que a decisão deverá provocar nas relações bilaterais.
“Mesmo com a disposição da Petrobras de reduzir o valor, a diferença é muito grande. A Petrobras não aceitará qualquer preço”, disse. O último valor posto na mesa pela companhia brasileira foi de US$ 135 milhões, número que poderá cair um pouco mais.
Quando adquiriu as duas refinarias, no final dos anos 90, a Petrobras pagou US$ 102 milhões pelos dois ativos. “Não há hipótese de o valor chegar a esse nível depois dos investimentos feitos”, relatou a fonte.
A Bolívia ofereceu US$ 56 milhões (incluindo o valor do combustível estocado nas refinarias, que no início do mês chegava a US$ 40 milhões), mas elevou a proposta para US$ 65 milhões. Em novembro de 2006, Evo chegou a sugerir, numa entrevista coletiva com a imprensa estrangeira, que o Brasil tinha condições de doar as refinarias à Bolívia.
Procurada, a direção da Petrobras manteve a atitude usual: “Não comentamos negociações em curso”, relatou a assessoria de imprensa.
REAÇÃO – Há sinais de que a reação brasileira a uma medida de força da Bolívia terá uma resposta mais dura. O Grupo Estado apurou que permanece a disposição brasileira de subir o tom caso a Bolívia interrompa as negociações de transferência dos ativos para o Estado boliviano com a edição de um decreto supremo, tirando à força o controle das refinarias das mãos da estatal brasileira. “Haverá reação”, disse a fonte.
Além de a Petrobras buscar a preservação dos direitos econômicos numa corte arbitral no exterior, o governo brasileiro avalia quais medidas poderá tomar. Entre as opções estão o cancelamento da ajuda econômica de R$ 20 milhões aprovada pelo Congresso Nacional brasileiro para a Bolívia e a possível suspensão do acordo que criou um aditivo ao contrato de importação de gás pelo Brasil e permitiu o aumento do preço. O acordo foi fechado numa visita do presidente Evo Morales ao Brasil, em fevereiro. Na negociação, a Bolívia conseguiu aumentar o preço das frações nobres do gás, o que daria um valor adicional para a YPFB de US$ 100 milhões por ano.
Fonte:Diario de Cuiabá