Circuito de Sanidade Fitossanitária: uma proposta
21 de agosto de 2012, às 15h12 - Tempo de leitura aproximado: 4 minutos
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Associação dos Engenheiros Agrônomos de Mato Grosso (AEA-MT)
A AEA-MT elaborou, em julho de 2004, proposta de intenção para a criação do “Circuito de Sanidade Fitossanitária”, tema essencial para a defesa fitossanitária. Fatos recentes, principalmente relacionados à postura do governo da China em relação a carregamentos de soja do Brasil, mostram o quanto o tema é relevante e imprescindível. A seguir, resumo executivo de proposta da AEA. E-mail de contato: aeamt@crea-mt.org.br
O Circuito de Sanidade Fitossanitaria tem como finalidade precípua o estímulo à política de Defesa Fitossanitaria para o País, à semelhança do Circuito da Pecuária responsável por inúmeros benefícios a essa importante atividade – , propondo medidas e ações direcionadas à proteção e ao aprimoramento das práticas de defesa sanitária vegetal, assegurando que as mesmas sejam implementadas em todo o País, com o rigor técnico-científico.
Tal ação será de extrema importância para as diversidades regionais do Brasil, notadamente no Estado de Mato Grosso, por sua interatividade com três grandes ambientes: a região dos Cerrados, o Pantanal e a Região Amazônica.
Esses Circuitos definirão não somente políticas de comum acordo entre Estados, mas também a definição de barreiras fitossanitárias interestaduais, com o objetivo de evitar, controlar, erradicar pragas ou doenças prejudiciais às culturas em todo País.
É esta a intenção proposta ao Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), através da Secretaria Nacional de Defesa Agropecuária, que consiste em estudar, criar, instituir, via Portaria, a exemplo do Circuito Pecuária, também o Circuito de Sanidade Fitossanitária e, como conseqüência, a instalação do Conselho Consultivo do referido Circuito.
Este Conselho teria a incumbência de formular as políticas e estabelecer diretrizes e estratégias do Circuito, com identificação de fontes de recursos e mecanismos operacionais, via Secretaria Nacional de Defesa Agropecuária, do MAPA.
Tomamos ainda a liberdade de sugerir a constituição de um Grupo de Trabalho, a ser integrado por Engenheiros Agrônomos do Departamento de Produção de Defesa Vegetal e do Centro Pan-americano de Defesa Fitossanitaria.
Tais ações do Circuito poderiam envolver a contratação de financiamento do Banco Mundial, para a realização de diagnóstico e a estruturação de um banco de dados cobrindo os últimos 30 anos (1974-2004), contemplando a distribuição da taxa de ataque de doenças e pragas, número de focos, cobertura de aplicação, diagnósticos por tipo de ocorrência, danos e outras variáveis técnicas ou financeiras. Esse diagnóstico deverá ser encaminhado aos órgãos federais e estaduais, visando identificação dos pontos de estrangulamento e deficiências do controle fitossanitário no País e ainda definindo propostas de mudança a serem implementadas sob responsabilidade oficial e privada, em cada Estado e também em nível sub-regional.
O diagnóstico situacional mostrará problemas que identificará estratégias para solução:
1. Deficiência do Sistema de Vigilância Fitossanitaria e Informação impõe-se uma revisão imediata, com incorporação de inspeção rigorosa, de comunicação e outras formas de informação, assegurando maior proteção aos sistemas de produção agrícola.
2. Deficiência da Capacitação de Recursos Humanos treinamento em todos os níveis do programa, durante dois anos. Criação de unidade permanente de reciclagem com apoio da EMBRAPA e universidades. Promoção de aperfeiçoamento por méritos, necessidades do programa e aptidões. Adoção de mecanismos de comprometimento do treinado, visando sua permanência como efeito multiplicador. Cursos para a comunidade e obrigatoriedade de pré-serviços nos ingressos de pessoal.
3. Ausência de Política de Imunização e controle compatibilizarão das aplicações com os diferentes ecossistemas de pragas e doenças para assegurar a imunização das lavouras:
a) atividades realizadas, em prazo compatível, visando imunização por recomendações técnica;
b) época de aplicação, estabelecida para cada ecossistema da praga ou da doença;
c) participação comunitária nas tomadas de decisões dessas atividades.
4. Organização da Comunidade É imprescindível a colaboração participativa da sociedade, especialmente produtores do campo agro-industrial, de engenheiros agrônomos autônomos e da iniciativa privada. A normativa técnica do programa será oficial. É necessário estabelecer mecanismos do tipo comitês, associações a nível nacional, estadual e local para gerenciamento do programa.
5. Regionalização da Agricultura: pouca utilização do reconhecimento das formas de organização da agricultura como fator determinante das diferentes modalidades de comportamento das pragas e doenças das culturas.
O programa definido deve cobrir as regiões produtoras independentes base de ação dos circuitos de sanidade fitossanitarias.
O Circuito de Sanidade Fitossanitaria terá função predominante em todas regiões definidas pelo MAPA.