Como garantir maior segurança no aterramento com o aproveitamento das ferragens estruturais
9 de fevereiro de 2022, às 12h04 - Tempo de leitura aproximado: 4 minutos
Talvez o que você vai ler nesse artigo possa gerar uma grande surpresa, porém toda informação que colocaremos aqui está baseada nas normas ABNT NBR 5410:2004 e ABNT NBR 5419:2015, nas versões mais atuais.
Outro ponto extremamente importante, é que essa informação mesmo estando presente nas normas desde 1993, ainda é desconhecida por grande parte dos profissionais que trabalham com instalações elétricas e, dessa forma, pode ser usada como um verdadeiro trunfo para você poder apresentar melhores oportunidades nos seus serviços, ou se destacar no seu trabalho.
Enfim, leia cada trecho desse artigo, pois nós da ABRACOPEL prezamos pela qualidade das informações e aplicabilidade em campo.
Informamos que estas condições do texto se aplicam a “eletrodos de aterramento” e não a qualquer sistema.
Você sabia que as ferragens da fundação e pilares podem ser utilizadas como eletrodos naturais para o aterramento e SPDA?
Figura 1- Verificação das Ferragens como aterramento natural – Fonte: Eng Pablo Guimarães Figura 1- Verificação das Ferragens como aterramento natural – Fonte: Eng Pablo Guimarães
Segundo o item 6.4.1 da ABNT NBR 5410, as próprias armaduras de concreto das fundações devem ser usadas, preferencialmente, como aterramento natural. Ou seja, a ABNT NBR 5410 que é a base para dimensionar e instalar as instalações elétricas em baixa tensão de maneira adequada, recomenda o aproveitamento das ferragens das fundações como aterramento natural.
Você sabia disso?
Mas não é somente a 5410 que fala sobre esse aproveitamento natural, a parte 3 da NBR 5419 nos itens 4.2 e 4.3, também deixam bem claro a recomendação das ferragens da estrutura das fundações como eletrodo natural do SPDA, ou seja, pode-se garantir uma segurança confiável sem necessitar de infraestruturas externas.
Você pode estar pensando, “isso vai dar errado”, ou que o prédio pode cair devido ao raio, ou curto-circuito. Não se preocupe, pois eu também já tive essa desconfiança.
Mas, se usamos as normas para avaliar dimensionamento de circuitos, por que deixaríamos de seguir essa recomendação? Então acredite na norma e siga os procedimentos adequados!
De longe esse é o método mais seguro, e o mais barato.
Porém, muitos profissionais ainda insistem em fazer o “Ctrl+C” e “Ctrl+V” das imagens da internet, ou de projetos defasados. Confesso que eu já fiz isso no início, mas depois percebi o quanto fiz meu cliente gastaría com sistema convencional de cobre.
Como posso garantir que as ferragens estão adequadas para uso?
Para que o sistema seja confiável, é imprescindível garantir a continuidade elétrica de todo o sistema. Como a amarração intencional destas armaduras não é o procedimento padrão nas edificações de concreto armado, o método mais seguro é realizar Testes de Continuidade definidos na ABNT NBR 5419, para garantir que essa dissipação ocorrerá pelas ferragens sem obstáculos como altas resistências de contato.
Para esse teste, devemos utilizar um equipamento chamado miliohmímetro, onde verificamos a continuidade dos trechos, de forma a garantir que o baldrame tenha continuidade e pode ser utilizado como eletrodo natural.
Jamais use um multímetro para esse teste, sempre use um miliohmímetro ou microhmímetro.
Na imagem abaixo, o eng. Pablo Guimarães está realizando esse teste em uma construção, para fazer o aproveitamento do baldrame como aterramento natural, e dessa forma, garantir segurança e economia para o cliente, seguindo rigorosamente as normas ABNT NBR 5410 e ABNT NBR 5419.Figura 2- Testes de continuidade em baldrame – Fonte: Eng Pablo Guimarães Figura 2- Testes de continuidade em baldrame – Fonte: Eng Pablo Guimarães
Lembrando que esse método está na norma ABNT NBR 5410 desde 2004, e na ABNT NBR 5419 desde 1993, ou seja, não estamos apresentando nenhuma novidade.
Mas, entendemos que poucos profissionais estão aplicando essas possibilidades que podem ser cruciais para garantir a segurança em instalações quando não se pode usar o anel de aterramento, como em edificações geminadas, por exemplo, além de ser uma solução muito mais eficiente e segura que as geometrias de aterramento em triangulo, 1 a 3 hastes, ou qualquer aterramento comumente propagado.
Outra informação importante, é que as normas indicam esse aproveitamento tanto para residências, prédios, indústrias, ou qualquer instalação em que se pode realizar esses testes, e claro, se a edificação está na fase de construção das fundações. Este é o momento para você propor essa consultoria, analisar e fazer seu cliente economizar, sem sair da norma.
Indicamos que você se aprofunde mais no assunto, para poder realizar esse aproveitamento da maneira correta, pois você precisa ter responsabilidade, e jamais trabalhar com “achismos”.
Então se você gostou desse artigo, comente, e não deixe seguir a ABRACOPEL nas redes sociais, pois conhecimento como esse vale ouro, serviços e segurança.
Por Eng. Eletricista Pablo Guimarães – Abracopel Regional Amazonas