Construção civil e sua eterna crise

21 de agosto de 2012, às 15h12 - Tempo de leitura aproximado: 2 minutos

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Luiz Antonio do Amaral – Arquiteto – E-mail amaral2004@hotmail.com. Embora o artigo refira-se ao município de Petrópolis (RJ), os pontos que levanta podem ser adequados à realidade de praticamente todo município de médio e grande porte no país

Vejo com apreensão o atual quadro em que se encontra a construção civil em nossa cidade. O reflexo da crise econômica neste setor é tão claro que me espanta ver as autoridades se calarem diante deste fato que só faz agravar a situação econômica dos que dedicaram sua vida a esta atividade.

Sei que hoje compramos um automóvel zero km financiado em 3, 4 ou 5 anos a juros subsidiados pela indústria automotora. Para comprar uma residência nestas mesmas condições não nos é permitido. Por quê?

Será que o incentivo à construção de habitação tanto popular quanto para classe média não se viabiliza da mesma forma que a indústria automobilística o fez?

Sabemos que a legislação não ajuda. Mas então não é hora de adaptarmos a legislação a nossa realidade para que o déficit habitacional seja combatido?

As autoridades competentes tanto no legislativo como no judiciário e executivo poderiam abrir este debate e em conjunto com o sistema financeiro não poderiam encontrar uma solução prática para alavancar este segmento que mais cria empregos diretos e indiretos?

Vejo que não interessa criar tais soluções, pois gerar empregos e construir moradias dignas e em locais seguros ainda não é uma prioridade dos governos.

A criação do Ministério das Cidades nos deu a impressão que este quadro se reverteria, mas até o momento não vejo a luz no fim do túnel e isto é desanimador.

A favelização da cidade de Petrópolis é um fato, a carência de moradias de baixa e média renda está mais do que evidente. A criação do Conselho Municipal de Habitação não é debatido por nenhum segmento da sociedade civil. Os postulantes aos cargos eletivos não falam sobre este tema que está no Plano Diretor de nossa Cidade, enfim, muito se fala e se promete, mas fica a certeza que teremos mais um ano eleitoral sem que fatos concretos nos façam acreditar ser possível reverter o atual quadro de abandono em que se encontra a atividade econômica que mais gera empregos em uma cidade: a construção civil. A revisão da Lei de Uso e Ocupação do Solo não ganha destaque em suas reuniões e fatos políticos fazem com que mudanças na legislação sejam alteradas sem nenhuma discussão pois atendem a interesses que não são claros à sociedade.

A população não se mobiliza e vejo reuniões e encontros acontecerem apenas com a finalidade de se debater a sucessão municipal e propostas de governo sérias não nos é fornecida. Enfim, até quando o voto do cidadão será sua arma para mudanças reais e definitivas em nossa cidade?