Construções desordenadas prejudicam nascentes de córregos

17 de novembro de 2016, às 17h24 - Tempo de leitura aproximado: 3 minutos

Compartilhar esta notícia
A natureza está sendo prejudicada pelas construções desordenadas das cidades. A engenheira sanitarista e presidente da Abes-MT, Sara Sueli Caporossi, alerta em matéria a mídia local para um controle urgente das edificações que estão acabando com as nascentes dos córregos.
 

Um exemplo de nascente que deixou de existir por causa do crescimento urbano é a do córrego da Canjica, que hoje se transformou em um local que recebe esgoto. "Quando se perde uma nascente poucos casos são recuperáveis", alerta o geólogo Prudêncio de Castro. "Nesse caso específico possuímos uma avenida asfaltada por cima da nascente e edifícios altos construídos ao redor. Podemos recuperar cursos d'água até determinados limites, quando se extingue a nascente e o solo hidromórfico é drenado, é uma transformação irreversível".
 

Pouco mais de 24 córregos cortam Cuiabá e muitos deles transbordam com a chuva forte e a água chega a inundar ruas e casas. "A quantidade de resíduos que são lançados nos recursos hídricos hoje em dia é muito grande que chegam a atrapalhar no cálculo da área de um canal. A educação ambiental é muito importante e a população tem que saber que todos possuímos uma responsabilidade social muito grande. Falta consciência", avalia a engenheira sanitarista e presidente da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária, secção de Mato Grosso (Abes-MT), Sara Caporossi.
 

Já pesquisadores da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), alertam para o fato de que "existe uma cidade clandestina dentro de Cuiabá, a cidade formal, ou seja, construções desordenadas prejudicam as nascentes", declara a pesquisadora Eliana Rondon.
 
 
Outro exemplo da ocupação desordenada, mas que conseguiu ser recuperada é a lagoa encantada no bairro CPA 3 em Cuiabá. Atualmente recuperada, o local era uma área degradada, cheia de erosão e nenhum tipo de verde.  O local está dentro da micro bacia do córrego do Caju, que é um os locais de estudo dos pesquisadores da UFMT que desenvolveram um método que faz um diagnóstico específico do curso das águas na capital, levando em consideração elementos como a vegetação, erosão e resíduos.
 

"Nessa área houve um plano de recuperação de áreas degradadas, onde foi definido que deveria ser plantada árvores, o espaçamento entre as mesmas, quais as espécies.  Também identificamos a questão dos resíduos o que nos mostra se o serviço de coleta regular dos mesmos ocorre, ou  se existem bolsões desses resíduos espalhados e isso tudo é quantificado", explica Eliana Rondon.
 

O objetivo é identificar os pontos de degradação próximo aos córregos. A maneira como a habitação se estabelece e, também é levada em consideração nas pesquisas de campo que traçam o perfil de cada região. "Como que as habitações dentro dessa micro bacia estão localizadas, se estão ocupando áreas de áreas de preservação permanentes – as APPs, áreas verdes ou de equipamentos comunitários. Com esse método é possível ver essa interação", descreve.
 

O estudo também alerta para que se evite construções em locais onde as nascentes existem e se tenha um crescimento urbano ordenado e sustentável, o que vai refletir na qualidade de vida das futuras gerações.