Crea-MT critica extinção da Empaer e defende proposta apresentada por Sindicato da categoria
18 de janeiro de 2019, às 16h29 - Tempo de leitura aproximado: 4 minutos
O presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Mato Grosso (Crea-MT), engenheiro agrônomo João Pedro Valente, e o conselheiro do Crea-MT também engenheiro agrônomo Carlos Luiz Milhomem de Abreu, defenderam a manutenção dos serviços da Empresa Mato-grossense de Pesquisa e Extensão Rural (Empaer), durante audiência pública na manhã desta sexta-feira (18/01), na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (AL-MT).
“O Sindicato dos Trabalhadores da Empaer – Sinterp – está sendo extremamente consciente e proativo com o Governo do Estado trazendo uma proposta que realmente é necessária. A dívida do passado está emperrando a Empaer há algum tempo. A refundação da empresa em forma de Instituto, com um novo CNPJ possibilitará que a Empaer volte a oferecer espaço de estágio para alunos da área agrícola, para os experimentos para a Embrapa, para capacitação continuada dos profissionais, além é claro de oferecer uma agricultura familiar mais produtiva e eficiente a todas as propriedades que dependem da Empaer para produzir”, declarou o presidente do Crea-MT, João Pedro Valente durante sua fala na Assembleia Legislativa.
O conselheiro Carlos Luiz Milhomem disse que “ao invés da extinção é preciso buscar novas fontes de recursos para sustentar a estrutura que foi criada”.
João Pedro Valente completou sua fala relatando a importância da Empaer não somente para os pequenos produtores rurais mas também para a sociedade e instituições como Universidades e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
“A Empaer é um importante local para formação de nossos profissionais. Ela oferece um campo de estágio onde os alunos conseguem ter o primeiro contato com a cultura acompanhado por alguém experiente. Eu mesmo fui estagiário da Empaer quando estudante do curso de técnico agrícola”, declarou João Pedro Valente. “A Empaer também é importante para a Embrapa, que desenvolve a tecnologia. Muitos experimentos que são desenvolvidos na Embrapa precisam ser levados a campo para avaliação e o pesquisador não tem como estar em vários pontos do Estado, é preciso da parceria do profissional da Empaer para testá-la. Isso sem falar das funções principais da Empaer que são de levar assistência técnica, extensão rural, profissionalização e capacitação a agricultores familiares de todo Estado”.
Ainda sobre a importância da Empaer o presidente do Crea-MT declarou que não vê sentido em fechar um órgão com tal importância por causa de problemas financeiros que podem ser resolvidos buscando soluções econômicas. “Acredito que o governo possa realizar uma auditoria na folha de pagamento e realizar a correção de valores, caso estejam errados. Pois esses funcionários públicos que estão sendo acusados de ter supersalários não os impuseram para eles mesmos. Ou houve uma ingerência política, e se for o caso deve ser corrigido, ou o salário foi conquistado legalmente, com progressão dentro da carreira, aí que seja buscada formas de honrá-lo”, concluiu.
EMPAER – Uma das empresas públicas com previsão de extinção e alvo de duras críticas por parte do governador Mauro Mendes, a Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer) atende mais de 140 mil famílias e já reduziu cerca de 35% da folha salarial com adesões do Programa de Demissão Voluntária (PDV). A informação foi dada pelo presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Assistência Técnica, Extensão Rural e Pesquisa Pública de Mato Grosso (Sinterp), Pedro Carlotto durante audiência pública.
Para o sindicato, mesmo com os altos salários, a solução não é extinguir a empresa. O presidente do Sinterp, Pedro Carlotto, afirmou que a Empaer já tomou medidas para a redução de gastos, como a adesão de mais de 100 servidores ao Plano de Demissão Voluntária lançado no ano passado. “Apenas com essa medida teremos uma redução de 35% na folha, que tem um gasto mensal de R$ 7,8 milhões”.
Outro ponto criticado pelo governador são as dívidas trabalhistas que a Empaer herdou da antiga Companhia de Armazéns e Silos do Estado (Casemat), por causa de uma fusão na década de 1990. Seriam mais de R$ 100 milhões, enquanto o patrimônio da Empaer é menor que esse valor, com R$ 24,3 milhões em prédios e R$ 40,8 milhões em centros de pesquisa.
“A Secretaria de Agricultura Familiar não consegue atender a demanda, por isso hoje a Empaer executa as políticas públicas de responsabilidade da Secretaria. Trabalhamos com os pequenos produtores, só em 2018 atendemos 52.815 famílias. Sem esse atendimento essas pessoas podem migrar para as cidades e trazer um impacto social ainda maior”, avalia o sindicalista.
Sobre os supersalários Pedro Carlotto explicou durante audiência que em 2011 foi autorizada uma equiparação salarial da Empaer com outras instituições afins. Isso trouxe o aumento de salários, mas só chega a esse valor quem tem capacitação e tempo de serviço.
CONVITE – O convite ao Crea-MT, para participar da Audiência Pública, foi feito pelo deputado estadual Wilson Santos, “uma vez que a maioria dos profissionais que trabalham na Empaer são registrados junto ao Crea-MT, a exemplo de engenheiros agrônomos, florestais e, também que as produções para comercialização, mesmo de pequenos produtores, precisam de um profissional responsável pela cultura”, justificou o parlamentar.
*Texto: Jornalista Rafaela Maximiano Fotos: AL/MT
*Equipe de Comunicação do Crea-MT