Crea-MT destaca trabalho do Geólogo em entrevistas

29 de maio de 2018, às 16h11 - Tempo de leitura aproximado: 6 minutos

Compartilhar esta notícia

A entrevista deste mês de Junho mostra o trabalho desenvolvido pelos profissionais relacionados aos estudos da geologia, que podem trabalhar em várias áreas, como a paleontologia, pesquisa mineral, geologia de petróleo, hidrogeologia, geotécnica, geoquímica, geofísica, geologia marinha e geologia ambiental, entre outras. Para homenagear os Geólogos do Sistema Confea/Crea pelo dia, comemorado em 30 de maio, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Mato Grosso (Crea-MT) conversou com três representantes de entidades de classe que os representa, a Associação dos Geólogos de Cuiabá (GEOCLUBE), a Associação dos Geólogos do Estado de Mato Grosso (AGEMAT) e o Sindicato dos Geólogos de Mato Grosso (SINGEMAT).

ENTREVISTA 01 – O primeiro é o presidente do GEOCLUBE, e conselheiro do Crea-MT, geólogo Caiubi Souza Kuhn, formado pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Mestre, atualmente leciona em Cuiabá e, em entrevista à Gerência de Comunicação do Crea-MT, Caiubi destacou sua paixão pela ciência que estuda a origem, história, vida e estrutura da Terra e o uso de recursos produzidos por meio da geologia.

Gecom- O que mais chamou a sua atenção para entrar na área de geologia?
Caiubi- A história do nosso planeta é fantástica. Saber que em um mesmo lugar tivemos mares, desertos, geleiras e rios é maravilhoso. Isso mostra que nosso planeta é muito dinâmico e a geologia estuda isso. Além disso, precisamos saber usar nossos recursos naturais. Toda tecnologia que utilizamos, dentro dela existe um pouco do trabalho do geólogo. Nela são encontradas e mapeadas jazida. Extraindo muitos bens minerais. Que na maioria das vezes, utilizamos em nossa casa. Como celulares, utensílios domésticos, ou seja, tudo vem da ciência geológica.

Gecom- Qual maior desafio do geólogo?
Caiubi- Conseguir atuar nos mais diversos campos, assim como, debater com a sociedade aspectos relativos a profissão. A atuação do geólogo é fundamental para que a sociedade consiga enfrentar os desafios deste século, referente ao uso dos recursos naturais, assim como para que ocorra um uso correto da ocupação do solo.

Gecom- Como é o mercado de trabalho para o geólogo?
Caiubi- O geólogo possui um amplo campo de atuação profissional que abrange desde atividades de mineração, meio ambiente, hidrogeologia, geotecnia, exploração de petróleo, ensino, entre muitas outras. Cabe a pessoa ao longo da sua vida acadêmica e profissional, definir para qual área irá se especializar.

 

ENTREVISTA 02 – O presidente do Sindicato dos Geólogos do Estado de Mato Grosso (Singemat), Júlio César Arraes, formou em Geologia na década de 90 na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Em seu currículo agrega a especialização de doutorado em rochas ornamentais, inclusive o granito usado na construção civil. O geólogo é funcionário público da Secretaria de Meio Ambiente do Estado (Sema), na qual atua na área de mineração do órgão. Já prestou serviços para diversos empreendimentos particulares.

Gecom – Como é a atuação do geólogo no Estado de Mato Grosso?
Júlio – A geologia tem um grande potencial em Mato Grosso, por ser um estado rico em minerais. Apesar de ser comparado com a produção de soja, existem vários gargalos que atrapalham a expansão do mineral. Prova disso é a dificuldade do escoamento desse produto para outros estados, por não existir uma estrada de ferro para transportar esse material para os portos brasileiros, torna a exploração e o transporte de minérios caros.

Gecom – Qual é a potencialidade de minérios do país?
Júlio – Todo mundo sabe que o petróleo é o carro chefe da mineração no Brasil. Considerando que a empresa Petrobrás é uma das maiores mundialmente. Podemos dizer que em seguida vem a mineração de pedras preciosas, exemplificando o ouro e o diamante. Mato Grosso sempre foi referência nesse assunto. Nós temos potencial para produção de diversos minerais. Já foi encontrado gás natural na região, água e outros bens que o estado pode produzir.

Gecom – Qual objetivo da entidade de classe na valorização dos profissionais da área?
Júlio – Temos cerca de 300 geólogos filiados ao Sindicato. Lutamos pelos direitos desses profissionais, garantindo segurança e reconhecimento perante a sociedade. É constante a busca por representatividade e a construção de um Sindicato classista. O estado está à frente de novas oportunidades de emprego. Precisamos de investimento na entidade, que existe há três anos. Vemos também a necessidade da presença do geólogo nos setores do Governo Estadual.

 

ENTREVISTA 03 – O vice-presidente da Associação dos Geólogos do Estado de Mato Grosso (Agemat), André Molina, formou em geologia em 1991, na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Desde então trabalha como empresário do setor mineral há 25 anos, prestando serviços para a iniciativa pública e particular.

Gecom – Como o senhor avalia o campo de atuação da geologia em Mato Grosso?
André – Considero que estamos iniciando uma nova fase da mineração no estado do Mato Grosso. Através da implantação de projetos de grande porte, estabelecendo um mercado mais amplo. Exemplo disso são os projetos de mineração da Votorantim no município de Aripuanã e da Anglo América na região norte do estado, além de projetos da empresa Vale na região Oeste, nas cidades de Comodoro e Pontes e Lacerda, que está desenvolvendo projeto de níquel. Considerando que a mineração foi desenvolvida pelos bandeirantes através de garimpeiros, desde a ocupação de Mato Grosso. Isso mostra que o estado é rico na produção de ouro e diamante, ou seja, pedras preciosas e semipreciosas.

Gecom – Como é dominado o campo dessa atividade?
André – O foco da geologia no estado, acredito que seja o atendimento das pequenas minerações. Como a produção de areia, cerâmica, argila, cascalho, garimpo, onde a grande maioria dos 400 geólogos registrados no Crea-MT estão atuando hoje. O desenvolvimento da nossa atividade tem na essência a produção de bens de consumos duráveis. Sem a geologia não teríamos o material para a construção civil, que é o investimento na geologia urbana. Isso mostra a grande contribuição desse profissional para o crescimento de Mato Grosso.

Gecom – Como está a arrecadação desses bens?
André – De acordo com dados do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) a alíquota recolhida na atividade garimpeira, conforme a Compensação Federal Sobre Extração Mineral chega a 0,2%, apesar da produção de 12 toneladas de ouro por ano.

Gecom – E a arrecadação em Mato Grosso?
André – Alguns municípios produtores de ouro, como Poconé, Nossa Senhora do Livramento, Pontes e Lacerda e Peixoto de Azevedo, vão ter uma arrecadação muito grande de Compensação Financeira Sobre Estação Mineral (CFEM). Esse dinheiro deve ser usado somente para aquelas atividades que auxiliam na mineração, educação ambiental, projetos de infraestrutura e meio ambiente, conforme a legislação. Essa arrecadação do CFEM deve ser levada para todos os municípios do estado. Sugerindo a implantação de um conselho para gerir e fiscalizar a utilização desse dinheiro, inclusive no estado. Tínhamos uma arrecadação de R$ 8 milhões por ano. A expectativa é que melhore, chegando a R$ 12 milhões anuais. Por isso queremos que seja montado um conselho estadual para fiscalizar o uso do CFEM, e os recursos aplicados no meio ambiente e projetos sociais.

*Equipe de Comunicação do Crea-MT