Em 4 dias de fogo, 10 mil halqueiros devastados

5 de setembro de 2007, às 0h00 - Tempo de leitura aproximado: 3 minutos

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No quarto dia de incêndio no Parque Nacional de Chapada dos Guimarães, o fogo atingiu o ponto mais crítico da unidade de conservação. Após queimar o morro de São Jerônimo e o Caminho das Pedras, na região sul, as chamas chegaram a serra Quebra-Gamela, o que era o temor dos profissionais que tentam apagar as chamas. Cerca de 10 mil hectares já estão queimados, quatro deles dentro da área protegida, o que corresponde a 12% do parque.

“Ali seria o último ponto onde conseguiríamos controlar”, disse o coordenador do Programa de Combate a Incêndios Florestais do Ibama (Prevfogo), Rodrigo Falleiro. Um vento forte na tarde de anteontem fez com que as chamas, que já estavam quase sob controle, conseguissem passar pelo rio Aricá e se alastrassem pela serra.

Cento e vinte homens do Ibama, do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil trabalharam até mesmo durante a noite, dentro da mata. Equipes de outras unidades, como, por exemplo, de estações ecológicas do Estado vieram trabalhar na área, que continua fechada para visitação. Mais 25 bombeiros seguem nesta manhã para o local e três técnicos de Brasília especialistas em incêndios florestais chegariam para ajudar.

Ontem, no final da tarde, a natureza deu uma trégua aos brigadistas. Com o vento mais fraco, eles conseguiram apagar a ponta do incêndio na Quebra-Gamela e concentraram os trabalhos nas laterais. O fogo que atingiu o início da serra começou a ser controlado por profissionais que chegaram às áreas mais altas com o auxílio de um helicóptero e também caminhando.

A ameaça é da queima atingir o topo e depois descer consumindo toda a vegetação do Parque, pois o acesso à área é difícil e lá não há água para ajudar no combate. Uma área que também preocupava o Ibama era o circuito das águas, que abriga várias cachoeiras, mas ali, as chamas não conseguiram chegar. Porém, não é possível nem mesmo dizer ainda que o fogo está sob controle, pois fatores imprevisíveis, como o vento e a temperatura, podem reverter todo o quadro em questão de minutos.

“A qualquer momento as coisas podem mudar, é difícil falar que está tudo controlado”, disse o analista ambiental do Ibama, Maurício Cavalcanti. O Ibama já compara o incêndio ao maior dos últimos anos em termos de destruição. Em 2001, o fogo queimou 10 mil hectares dentro da unidade de conservação, que tem quase 33 mil hectares de área total.

O fogo teve início há duas semanas. O foco surgiu em uma área externa ao Parque Nacional, tudo indica que no trecho próximo ao córrego dos Médicos, que passa pela comunidade de São Jerônimo, perto do morro. Há uma semana, o Ibama assumiu os trabalhos de combate para evitar que as chamas entrassem na unidade, mas não adiantou.

O tempo seco – há mais de 40 dias não há chuva lá -, a topografia do terreno, cheio de vales e paredões, e a baixa umidade relativa do ar, aliados à falta de consciência de freqüentadores do local (ver matéria), encontraram o ambiente propício para o início do desastre. A queimada era um fato quase inevitável, segundo o Ibama.

“Está muito difícil. Aqui há um acúmulo de combustível muito grande. Há quase três anos o parque não queima. Já no entorno, está tudo destruído pelo fogo. O parque virou um depósito em um lugar que queima por todos os lados”, falou Falleiro. Os brigadistas estão dormindo em barracas na base do morro São Jerônimo, na sede no Véu das Noivas e na Armação do Mutuca.

Fonte:Diário de Cuiabá