EM SOLO BRASILEIRO: Japoneses celebram os 100 anos da imigração

Hoje faz 100 anos que os imigrantes japoneses chegaram ao Brasil no navio Kasato Maru, que aportou em Santos (SP), com 165 famílias de camponeses pobres. Em Mato Grosso, as comemorações ao centenário têm extensa programação. Ontem, uma missa foi realizada na Igreja do Rosário, na Capital, em homenagem aos heróis desbravadores. No domingo (22), uma gincana cultural reunirá as famílias ligadas à Associação Nipônica de Cuiabá para plantar árvores, apresentações de dança e música tradicional.

Segundo o presidente da entidade, Mário Takakura, 49, outros eventos paralelos estarão em andamento em Várzea Grande, onde a ala jovem é bastante participativa, e tem aulas sistemáticas de dança, língua japonesa e taiko (tambor). Em Cáceres, nos dias 26, 27 e 28 de junho, haverá um Festival Gastronômico. O objetivo é manter vivo os hábitos alimentares antigos, que serão repassados aos mais jovens. “A própria miscigenação provocou um individualismo muito grande, hoje nós já não nos reunimos com tanta frequência, queremos reverter isso, trazer todos para perto”.

Ele explica que cada vez mais os esportes nipônicos são incentivados pelo poder público, os campeonatos de karatê, por exemplo, acontecem todo ano e entraram no calendário oficial. Também são desenvolvidos em projetos sociais das prefeituras. Apesar de menos comum, o beisebol também trilha o mesmo caminho. Os três filhos de Takakura, de 15, 14 e 11 anos treinam sistematicamente e vão participar nos dias 26 e 27 de julho de um torneio estadual. “É importante a gente oferecer referência para esses adolescentes, para que eles não sejam levados à marginalidade”.

Os eventos nacionais foram instituídos a partir dos decretos 6.036/07 e 5.966/06. No Estado, o decreto nº 380 estabeleceu a formação da Comissão Estadual Organizadora das Comemorações do Centenário da Imigração Japonesa, com a finalidade de intercâmbio cultural. Em Mato Grosso, os primeiros imigrantes japoneses chegaram ao nortão do Estado na década de 50, eles fizeram a ocupação da antiga gleba Rio-Ferro, atual município de Feliz Natal. Ao todo, 150 famílias viviam no assentamento, em condições totalmente inóspitas.

Nos dias atuais, já somam mais de 80 mil descendentes diretos, entre filhos (nissei), netos (sansei) e bisnetos (yonsei). A maioria reside em Cuiabá e se dedicada ao setor do comércio ou são profissionais liberais.

*Rose Domingues
Jornal A Gazeta.