Energia de Futuro
1 de fevereiro de 2007, às 0h00 - Tempo de leitura aproximado: 2 minutos
Investimentos em tecnologia estão ajudando o Brasil na corrida pelos mercados internacionais de álcool. No interior de São Paulo, cientistas brasileiros fazem uma pequena revolução, com o estudo de mudas de cana-de-açúcar
O Brasil produz muito álcool combustível. É o segundo produtor mundial. Os compradores são países ricos, que não têm condições geográficas favoráveis para o plantio da cana ou do milho, as principais fontes do álcool etanol. É uma energia renovável, alternativa limpa ao petróleo.
Nesse setor, o Brasil tem atraído a atenção de investidores e de pesquisadores estrangeiros. Eles estão interessados em conhecer os estudos genéticos desenvolvidos aqui. No interior de São Paulo, cientistas brasileiros fazem uma pequena revolução.
As mudas de cana-de-açúcar são um investimento na geração de energia renovável no país – a maior parte dessas plantinhas vai se transformar em álcool. Em uma estufa ficam as matrizes, com as 40 principais variedades da planta encontradas no Brasil.
Os técnicos fazem o cruzamento dessas diversas plantas várias vezes, em laboratório, e as novas mudas são testadas até chegarem ao nível de qualidade adequado para a comercialização. O mercado é o dos produtores de cana.
?O que fazemos é buscar variedades que sejam mais produtivas que essas, e que substituam essas aqui no futuro?, explica o diretor de operações Luiz Cláudio Rúbio.
Além do melhoramento clássico, também se usa a engenharia genética para obter as novas variedades.
?Temos canas hoje que estão começando a ser plantadas, que produzem 10%, 15%, 20% a mais do que as melhores variedades?, afirma o biólogo Fernando Reinach.
As grandes plantações de cana-de-açúcar estão concentradas no estado de São Paulo e no norte do Paraná. Os pesquisadores querem desenvolver plantas que possam ser cultivadas em terrenos mais áridos, inadequados ao plantio da cana. É uma iniciativa para garantir a expansão da produção de álcool, em que o Brasil tem vantagem comparativa em relação à maioria dos países, por ser um país tropical.
O Brasil está na frente dessa corrida porque oferece o açúcar e o álcool mais baratos do mundo. A manutenção desse status depende do aumento de produtividade. Isso quer dizer mais dinheiro e tecnologia.
No Brasil, cada hectare de cana produz 6,8 mil litros de álcool. Cada litro sai por US$ 0,20. Nos Estados Unidos, maior produtor do mundo, mas que usa o milho em vez da cana, cada hectare gera 3,2 mil litros de álcool e cada litro custa US$ 0,47.
O trabalho em um laboratório, em Campinas, resulta do casamento entre a iniciativa privada e o capital intelectual: biólogos e técnicos formados na Universidade de São Paulo (USP). Pode levar até seis anos para surgir um novo tipo de cana e, durante esse tempo, o dinheiro que a empresa investiu não tem retorno. Só que, nesse negócio, em se plantando tudo dá.
?É uma revolução tecnológica, em que o Brasil é líder mundial. As pessoas têm vindo do mundo inteiro ver como o Brasil está se comportando. Mas você precisa desenvolver as tecnologias pra garantir que você vai ser o melhor produtor daqui a cinco, dez, 50 anos?, aponta o biólogo Fernando Reinach.
Fonte: Jornal Bom Dia Brasil