Engenharia florestal: ciência que administra os recursos naturais

12 de julho de 2012, às 16h15 - Tempo de leitura aproximado: 5 minutos

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“Conservar e saber usar” é o lema de São João Gualberto, monge italiano que se dedicou ao cultivo de bosques florestais, nos anos 995. Por causa de sua história de amor às florestas e do senso de preservação, o santo foi proclamado protetor dos engenheiros florestais e a data de seu falecimento, 12 de julho de 1073, eleita o Dia do Engenheiro Florestal. Entre as funções exercidas pelo profissional está a administração dos recursos naturais, com a questão do aquecimento global e da rigorosa legislação ambiental que visa preservar e garantir a natureza; a busca de subsídios para que a sociedade possa usufruir dos produtos florestais de forma contínua e ambientalmente correta.

Para falar mais sobre os profissionais da engenharia florestal, o Crea entrevistou o presidente da Associação Mato-grossense de Engenheiros Florestais (Amef), Joaquim Paiva de Paula. O curso de Engenharia Florestal e a atuação do profissional são alguns assuntos tratados na entrevista. Confira a seguir.

Crea – Qual a origem do dia 12 de Julho, data dedicada ao profissional da Engenharia Florestal?
Joaquim Paiva – A data tem ligação com o calendário religioso, por conta das comemorações de São João Gualberto. O italiano João Gualberto, apesar de se dedicar à vida religiosa juntamente com seus monges seguidores, dedicou-se ao cultivo de bosques florestais, nos anos de 995 e mais tarde faleceu em 12 de julho de 1073. Por causa de sua história de amor Às florestas e de senso de preservação, que ficou conhecido pelo lema “conservar e saber usar”, o santo foi proclamado protetor dos engenheiros florestais. A profissão é sempre lembrada por essa relação com a preservação do meio ambiente e ingressou no Sistema Confea/Crea, a partir da Lei Nº 4.643, decretada em 31 de maio de 1965, mas muito antes disso, em outros países a profissão já seguia seu curso.

Crea – A formação de Engenheiro Florestal tem alguma correspondência com a história de São João Gualberto?
JP – Após séculos de ensinamentos deixados por São João Gualberto o surgimento de escolas de Engenharia Florestal se fez necessário para aperfeiçoar a formação de especialistas na ciência florestal. A primeira escola a estudar e a formar especialistas em ciência florestal, no mundo, foi criada em 1811 em Tharandt, na Alemanha. Em 1.825 foi fundada, também na Alemanha, a Universidade de Gissem, e em 1830 a Academia de Ebeswald e a Academia Florestal de Eisenach. Alguns anos mais tarde surgiram as Universidades de Carlsruhe, Munich e Tubigem, que também ministram cursos de Engenharia Florestal. A partir de então, outros países também criaram o curso. Na Europa, cada país possui pelo menos uma escola de Engenharia Florestal. Na América, a primeira escola foi fundada em 1895, em Baltimore, nos Estados Unidos. Até 1955, estes países contavam com 37 escolas e formavam mais de mil engenheiros florestais por ano.

Crea – Presidente, o senhor sabe quais países oferecem o curso de Engenharia Florestal?
JP – Sim. Brasil, Canadá, México, Costa Rica, Chile, Argentina, Venezuela, Cuba e Colômbia. No Brasil, a primeira escola foi instalada em 1960 na cidade de Viçosa, Minas Gerais, que depois foi transferida para Curitiba em 1964. Neste mesmo ano, foi criada, através de decreto, a Escola Superior de Florestas na atual Universidade Federal de Viçosa. Hoje, o país concentra 48 cursos superiores de Engenharia Florestal.

Crea – Como a profissão se destaca e quais as funções exercidas pelo Engenheiro Florestal?
JP – Desde que foi criada, a profissão tem o engenheiro florestal se destacando por conta de sua responsabilidade maior: a administração dos recursos naturais, com a questão do aquecimento global e da rigorosa legislação ambiental que visa preservar e garantir a natureza. É nossa obrigação encontrar constantemente subsídios para que possamos usufruir dos produtos florestais de forma contínua e ambientalmente correta. Quanto às funções exercidas, podemos exercer uma série, apesar da sociedade ainda ter uma idéia equivocada do papel do Engenheiro Florestal e de suas atribuições, já que ainda associa este a condição mínima de controle de laudos e documentos. A atuação do engenheiro florestal é muito maior que isso e, tem funções diversas, desde a área da engenharia com suas atividades preliminares, à engenharia rural, ao manejo de bacias, às atividades de produção de madeira, celulose e também na questão ambiental. Essa extensa relação de atividades comprova a responsabilidade do Engenheiro Florestal e sua intensa capacidade para analisar a condição dos ecossistemas, planejar a exploração sustentável dos recursos naturais encontrados na região e ainda produzir relatórios dos danos causados; tanto pela ação natural, quanto pela ação do homem. Também somos responsáveis por proteger e administrar os recursos florestais usando conhecimentos de biologia, arqueologia e de processos manufatureiros de produtos da floresta para que empresas madeireiras e de celulose façam a exploração das matas de maneira sustentável e de forma que provoque o menor impacto ambiental possível.

Crea – Qual a mensagem que o senhor deixa aos profissionais Engenheiros Florestais?
JP – O dia de hoje é especial por ser o dia daqueles que assumem o desafio de se dedicarem ao uso e à preservação e conservação das nossas matas, sejam elas naturais ou plantadas. A Diretoria da Amef entende que a cada árvore utilizada de maneira adequada e sustentável pelo Engenheiro Florestal, ficam para nós a sensação do dever cumprido e a certeza de um mundo melhor para nossos filhos, netos e para as futuras gerações. Portanto, parabenizo a todos os Engenheiros Florestais de Mato Grosso pelo dia 12 de Julho.

*Gecom/Crea-MT