Falta de chuvas atrasa plantio e reduz safrinha

20 de setembro de 2007, às 0h00 - Tempo de leitura aproximado: 4 minutos

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A estiagem prolongada deverá atrasar o plantio de soja este ano na maioria das áreas produtoras de Mato Grosso e prejudicar a safrinha mato-grossense de milho. O alerta foi feito por agrônomos e produtores da região Norte do Estado, a mais afetada pela seca e é a que inicia mais cedo o cultivo da nova safra de grãos brasileira.

Em Rondonópolis (210 quilômetros ao sul de Cuiabá) e Primavera do Leste (235 quilômetros ao centro leste), os produtores também estão apreensivos com a falta de chuvas. Na maioria das regiões as terras já estão prontas, mas os produtores aguardam a umidade ideal do solo para iniciar o plantio, no entanto, a expectativa é que os trabalhos sejam intensificados a partir de outubro. Em algumas regiões do Estado choveu ontem, mais o volume não foi suficiente para recuperar o nível hídrico do solo. De qualquer forma, os produtores ficam no aguardo das confirmações meteorológicas, que prevêem pancadas hoje e também no final de semana.

De acordo com a Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso (Aprosoja/MT), algumas regiões do Estado estão sem chuva há mais de três meses. “Não há como iniciar o plantio agora”, afirma o presidente da entidade, Rui Ottoni Prado, que pede cautela dos produtores. “Aqueles que se precipitarem correm o risco de prejuízos”.

Até mesmo a região de Lucas do Rio Verde (360 quilômetros ao médio norte de Cuiabá), com tradição de plantar mais cedo – geralmente, em meados de setembro – deverá atrasar o plantio da safra 2007/08. O município, ano a ano, é o “pole position” no cultivo da nova safra no País, pois opta por uma variedade de ciclo precoce, que após ser colhida no final de dezembro e durante o mês de janeiro, possibilidade a realização de uma nova lavoura, seja de algodão como de milho. Lucas tem atualmente cerca de 220 mil hectares agricultáveis.

Egídio Vuaden, produtor de Lucas do Rio Verde, deverá manter a área de 1,3 mil hectares de soja na Fazenda Galhardia, mas não sabe quando iniciará o plantio. “Por enquanto é uma incógnita, pois não chove em nossa região há muitas semanas e isso nos deixa inseguros”, afirma o produtor.

Ele acredita que o plantio poderá sofrer atraso de cerca de 10 dias, prejudicando a safrinha de milho. “O maior prejuízo, sem dúvida, será com a safrinha de milho, já que o atraso da soja acaba afetando o plantio da próxima safra”.

Segundo Vuaden não há como iniciar o plantio agora, pois o solo está muito quente. “Há muita fumaça, a qualidade do ar está péssima e o jeito é esperar pelas chuvas”.

Com área prevista de 1,2 mil hectares de soja na Fazenda Favero, também em Lucas do Rio Verde, o agricultor Leandro Mussi está aguardando pelo menos duas chuvas para iniciar o plantio. “O clima está muito ruim, por isso acho arriscado plantar agora”, diz. Segundo ele, todos os produtores da região estão em “compasso de espera”. Mussi já o foi o responsável pelo início da safra de soja, sendo o primeiro a plantar o grão em nível nacional.

Em Sapezal (480 quilômetros ao noroeste de Cuiabá) o Grupo Scheffer, do produtor Eliseu Scheffer Maggi, também aguarda chuvas para iniciar o plantio. O grupo, que deverá plantar nesta safra 30 mil hectares de soja, não quer arriscar. “Temos informações de que em algumas regiões começaram a chover, mas ainda não é o suficiente para começarmos o plantio”, conta Guilherme Scheffer Filho.

Além dos 30 mil hectares de soja, o grupo pretende plantar este ano mais 15 mil hectares de algodão e outras 10 mil hectares de milho. As áreas de milho e algodão serão mantidas, enquanto a de soja terá acréscimo de 5 mil hectares. “Ainda falta chuva e preferimos aguardar mais um pouco”.

SUL E LESTE – Nas regiões sul e leste do Estado, a situação não é diferente. Segundo o produtor de soja José Nardes, ninguém ainda fala em plantar.

Com três áreas de soja na região de Primavera, totalizando cerca de 11 mil hectares, Nardes diz que nunca viu a região na situação atual. “Estou em Mato Grosso há 26 anos e nunca vi coisa parecida. Há muita queimada, o solo está pegando fogo e até para respirar estamos tendo dificuldades. E isso também está sendo sentido em Rondonópolis e em praticamente todo o Estado”, relata. Por conta deste desequilíbrio, Nardes afirma que não há previsão de quando o plantio irá começar na região.

Fonte:Diário de Cuiabá