Obras públicas vêm sendo afetadas devido ao aumento do cimento no estado

23 de outubro de 2007, às 0h00 - Tempo de leitura aproximado: 3 minutos

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Até há poucos dias, o problema era só com as obras civis tocadas pela iniciativa privada. Agora, as obras públicas também estão sendo afetadas diretamente pelo desabastecimento do cimento em Mato Grosso. As empreiteiras reclamam dos preços, que em menos de um ano saltaram de R$ 11,50 para R$ 23 a bolsa de 50 quilos, uma alta de 100%, e, principalmente, da escassez do produto no mercado regional. Com isso, o governo estadual estima atraso de até 120 dias na conclusão dos empreendimentos. São creches, escolas, pontes de concreto, casas populares, praças e até hospitais e postos policiais.

O problema atinge todo o Estado. “No interior a situação é mais crítica”, conta o secretário-adjunto de Obras Públicas da Secretaria de Infra-estrutura, Jean Martins, que tem a sua opinião endossada pelo coordenador de Obras de Transportes da Sinfra, Hugo Felino Muller: “Todas as obras do governo estão em ritmo lento. Em algumas cidades a bolsa chega a ser comercializada por até R$ 27 e as empreiteiras temem ficar sem o produto”.

Com 277 obras em andamento no Estado, no valor de aproximadamente R$ 100 milhões, a Secretaria Adjunta de Obras Públicas aposta em uma solução para a crise do abastecimento ainda este ano. “Não podemos continuar com este problema, pois as empreiteiras têm prazos para cumprir e o governo tem o compromisso de entregar a obra no tempo programado”, afirma Jean Martins.

Das 277 obras, 80% são de pequeno porte, como creches, praças, reformas e PSF (Programa Saúde da Família), “justamente as que mais sentem o problema do desabastecimento”. Entre os projetos de grande porte da sua secretaria ele destaca as escolas-padrão e a ampliação do Hospital Júlio Muller, que demandará investimentos de R$ 4 milhões até 2009.

Martins informou que as obras estão em ritmo lento e devem ser entregues com atraso médio de 60 dias. “Diariamente temos ouvido reclamações das empreiteiras sobre a falta de cimento. O governo também está apreensivo com a questão e espera equacionar o problema o mais rápido possível”.

O setor de habitação também está sendo prejudicado. Segundo o secretário-adjunto de Vias Urbanas, Habitação e Saneamento da Sinfra, Joaquim Curvo, toda construção está sendo afetada pelo desabastecimento. “A nossa apreensão é muito grande, pois se a situação não se normalizar logo, o prejuízo para o Estado poderá ser ainda maior”, alerta.

Em todo o Estado, a Sinfra está construindo casas populares em parceria com a Caixa Econômica Federal (CEF), com investimentos previstos de R$ 4,40 milhões. No total estão sendo construídas 3.066 casas em 31 municípios por meio do programa “Tô Feliz”. Todos os projetos estão com seu cronograma de entrega de obras atrasado.

Outro setor que está sendo penalizado com a crise do cimento no Estado é o de obras de transporte, como pavimentação, restauração de rodovias e construção de pontes. O projeto de maior vulto em andamento em Mato Grosso é a construção da ponte sobre o Teles Pires, de 350 metros de extensão e investimentos de R$ 4,94 milhões. A conclusão da obra está prevista para 2008, mas deve sofrer atraso de pelo menos três meses, segundo o coordenador de Obras de Transportes da Sinfra, Hugo Filinto Müller.

Além dessa obra encontra-se em andamento também a construção da ponte sobre o rio Tartaruga, na MT-225 (entre os municípios de Vera e Feliz Natal) e outras quatro pontes na estrada de Poconé a Porto Cercado. Dessas quatro obras, uma deve ser interrompida. Projetos de pequeno porte como obras de arte complementares nas rodovias (meio-fio, sarjetas, descidas d´água) também serão prejudicadas. “As reclamações das empreiteiras são constantes e muitas já estão solicitando aditivos de prazo para concluir as obras”, informou Müller.

Fonte:Diário de Cuiabá