Os perigos do Plástico no Micro-ondas!!!!

20 de janeiro de 2016, às 17h02 - Tempo de leitura aproximado: 6 minutos

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O momento em que vivemos é ímpar. As noticias se espalham com velocidade nunca antes vista. Acontece agora um fato, uma notícia, e dentro de minutos já correu o mundo. Essa facilidade também leva a surgirem hoaxes (boatos de internet), com mensagem que muitas vezes pode colocar pessoas em situações delicadas. Outras são absolutamente anticientíficas, mensagens curtas, as vezes longas (que muitas vezes nem lemos), ora imagens manipuladas, que podem induzir opiniões e criar problemas. Esse material é oriundo de pessoas mal intencionadas que misturam a informação verdadeira com uma notícia falsa e espalham boatos nas redes sociais.

 

Recentemente circulou uma informação que preparar alimentos em micro-ondas é potencialmente carcinogênico, vejamos a veracidade desta nota, ou se também é uma noticia sem fundamento. 

 

Como funciona um forno de micro-ondas??  Micro-ondas são ondas eletromagnéticas de alta frequência, como as de rádio, e funciona transformando energia elétrica em energia térmica. Uma fonte elétrica emite ondas eletromagnéticas que aumentam a energia cinética das moléculas de água dos alimentos. É de nosso conhecimento que temperatura é um número que expressa o estado de agitação das partículas, logo, aumentando a vibração (ou estado de agitação) das moléculas, elevamos a temperatura do corpo. Essas ondas são refletidas várias vezes nas paredes metálicas do forno sobre o alimento, fazendo vibrar as moléculas de água contidas nele. A fricção entre elas produz calor, cozinhando o alimento.

 

Acontece que o plástico também aquece, e ao aquecer ele tende a se decompor, e na sua decomposição libera um componente denominado dioxina, e esse ajuste de gordura dos alimentos e calor alto libera a dioxina do plástico, impregnando os alimentos e consequentemente, são absorvidos pelo nosso organismo.

 

Mas o que é dioxina??  É Provável que a maioria da população nunca tenha ouvido falar dessa substância química, mas ela está no nosso meio, no nosso corpo e é perigosa. A dioxina é um subproduto industrial de certos processos, como produção de cloro, na produção de papel e de pesticidas. A queima de lixo, que também libera dioxina (de plástico, de papel, de pneus).

 

As dioxinas se acumulam nos tecidos adiposos, ou seja, nas regiões em que nossos corpos têm mais gordura, por meio de um processo chamado biomagnificação, elas também acompanham o desenvolvimento da cadeia alimentar, ou seja, se nos alimentarmos de carne com dioxinas, estas vão se acumular no nosso organismo, ficando ai por anos.

 

Não há nível saudável de dioxinas, e até uma quantidade pequena pode ser perigosa, exatamente porque ela se acumula no organismo. Mesmo assim, a Organização Mundial da Saúde (OMS)  estabeleceu a dosagem de 2,3 pg/kg/dia (picograma por quilo por dia – 1 picograma equivale a 10-¹² grama ou um trilionésimo de grama) como limite. A agencia de alimentos americana EPA discorda, apontando 0,7 pg/kg/dia como quantidade máxima recomendável. São limites que significam quantidades muito baixas, o que pode ser aferido por orientação da própria EPA, que descreve o uso de filtro simples de papel para coar café feito com papel branqueado industrialmente, por exemplo, como suficiente para exceder os “níveis aceitáveis” de dioxina por toda uma vida.

 

No micro-ondas as altas temperaturas fazem as toxinas venenosas desprenderem-se e se misturar ao alimento, assim consumimos essa substancia química. O instituto do Câncer publicou recentemente uma nota onde  recomenda que nunca se aqueça alimentos no micro-ondas em recipientes desse material. O melhor é transferir a comida para vasilhas de vidro (temperado) que suporte o calor. Essa cautela se aplica também para as bandejas de espuma em que são acondicionadas lasanhas e outras massas, por exemplo.

 

Tal cuidado é simples e pode evitar danos sérios à saúde. Segundo a nota técnica do Inca, a dioxina se acumula no tecido gorduroso de animais e todos os estudos realizados com eles têm revelado o potencial cancerígeno do composto, mesmo em baixas doses.

 

“É uma substância com efeito cumulativo e residual a longo prazo. O tempo de meia vida é de, em média, 7 anos”, diz o alerta, informando ainda que alguns estudos têm relacionado a exposição a dioxinas com problemas reprodutivos e deficiências do sistema imunológico. A Nota explica ainda que a dioxina é um subproduto gerado no processo de fabricação do plástico e que, a princípio, nem a indústria teria como aferir a qualidade da matéria-prima quanto a essa contaminação. Isso porque, no Brasil, apenas um laboratório, da Petrobras, tem aparato técnico nesse sentido.

 

Assim, qualquer plástico pode conter dioxina, desde brinquedos a garrafas PET. Porém, em condições normais de temperatura, o composto não é liberado. Na prática, um sanduíche com manteiga ou requeijão, por exemplo, pode ser contaminado por esses compostos e, de novo, o melhor é aplicar o princípio da precaução. Prefira cobrir os alimentos com um prato de vidro ou cerâmica refratária. Para embalar  um lanche por exemplo, o ideal mesmo seria a retomada de hábitos antigos, como acondicionar o sanduíche ou a fruta em um pano de prato, num saquinho de papel ou – para os mais adeptos da modernidade – num pedaço de papel toalha.

 

Ao se aquecer alimentos em micro-ondas em recipiente plástico, o mesmo pode liberar dioxinas, substancia que comprovadamente são teratogenicas (causam má formação fetal), mutagênicas (causam mutações genéticas, algumas das quais podem causar câncer) e suspeita-se que sejam carcinogênicas para humanos (podem causar câncer). Devido a essas propriedades, as dioxinas mexem com a regulação de crescimento celular, induzindo ou bloqueando a morte de células. De acordo com a OMS elas podem causar tumores e aumentar o risco de todos os tipos de câncer, também são suspeitas de causarem problemas respiratórios, câncer de próstata, além de dois tipos de diabetes.

 

De forma preventiva, evite usar plásticos no micro-ondas!!!

 

*Valmi Lima é Engenheiro Sanitarista e de Segurança do Trabalho. Conselheiro do Crea-MT

E-mail: valmisimaodelims@gmail.com