Plantio de algodão cai 90% em MT

4 de setembro de 2007, às 0h00 - Tempo de leitura aproximado: 4 minutos

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O plantio irregular de algodão geneticamente modificado no Estado registra redução de cerca de 90%, mesmo com um aumento de 12,35% sobre o volume da área fiscalizada da safra passada com a da atual temporada. As ocorrências passaram de um volume de 6,9% da área vistoriada no ano passado para 0,72% neste ano, considerando os meses entre janeiro e julho, período de plena safra em Mato Grosso.

Os números foram divulgados ontem pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e são o resultado de um levantamento da Superintendência Federal da Agricultura (SFA/MT) que comparou a atuação dos fiscais na safra 05/06 com os trabalhos desenvolvidos durante o primeiro semestre de 2007.

Das 65 propriedades, que totalizaram 89,7 mil hectares (ha) fiscalizadas na safra 2005/2006, 24 apresentaram irregularidades quanto ao plantio de cultivares não-autorizadas pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio). No atual ciclo (06/07), foram fiscalizados 100,4 mil/ha em 59 propriedades, registrando-se apenas seis irregularidades.

Segundo o responsável técnico pela atividade no Estado, Nilo Silva do Nascimento, “isso significa queda de quase 90% nas irregularidades envolvendo plantio de algodão geneticamente modificado e resulta do trabalho sério e competente dos serviços de Sanidade Vegetal e de Fiscalização Agropecuária da Superintendência Federal de Agricultura no Mato Grosso”.

Esse trabalho envolve fiscalizações em campo, com apuração rigorosa de irregularidades, disponibilização de sementes e conscientização dos produtores. A comprovação da ilegalidade implica em penalidades administrativas, apreensão da produção, interdição da área e multas que variam de R$ 2 mil a R$ 1,5 milhão. Cabe, ainda, ao Ministério Público a apuração de responsabilidades administrativas e penais. Se condenado, o infrator pode sofrer reclusão de 1 a 2 anos, mais multa”, explica o técnico.

AMPA – Para o setor produtivo local, a constatação da SFA/MT significou “a colheita de uma boa notícia, enfim”. O presidente da Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa), Sérgio De Marco, explica que a redução significativa na utilização de variedades geneticamente modificadas é fruto de um trabalho de conscientização desenvolvido pela entidade junto aos produtores locais. “A variedade modificada traz economia para quem a utiliza. No caso dos cotonicultores, a redução pode chegar a 15% ou 16% dos custos por hectare plantado. Porém, essas variedades são proibidas no país e temos de respeitar a lei”, argumenta. Ele lembra que a conscientização feita a campo contou com a participação, inclusive, da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa). “Enquanto o Brasil não permite este cultivo, adotamos uma outra estratégia, a de lutar pela liberação do algodão transgênico”.

De Marco conta que, na última sexta-feira, produtores locais e diretores da Ampa participaram de uma audiência pública na CTNBio, em Brasília, para pressionar entidades e governo federal a liberar eventos (pesquisas) de algodão. “Acreditamos que em cerca de 90 dias haja a liberação do primeiro evento. Se isso se confirmar, teremos a variedade modificada disponível para plantio comercial em 2009”.

De Marco conta que muito cotonicultores estaduais foram seduzidos pelas vantagens das variedades RR BT 1 e RR BT 2. “Muitas sementes contrabandeadas foram cultivadas no Estado, mas quem fez isso responde juridicamente. Felizmente o segmento local abraçou a causa de fazer pressão para a liberação. Afinal, ou cumpríamos a lei ou ficávamos fora do mercado”.

Entre as vantagens econômicas, De Marco destaca que a economia na composição da planilha de custos pode ficar entre US$ 50 a US$ 300 por hectare, o que resulta, em percentual, numa economia de cerca de 15% a 16% por hectare plantado.

O momento também é de conta negativa aos cotonicultores. Segundo a Associação, o custo médio de produção de uma arroba de algodão no Estado é de R$ 44, enquanto que o mercado interno paga pela mesma arroba cerca de R$ 38 e para quem exporta os mesmos 15 quilos custam R$ 35, cifras pressionadas pela desvalorização do dólar – moeda do agronegócio – em relação ao real.

NÚMEROS – De acordo com informações contidas na planilha de custos da Ampa referende à safra 2006/2007, o hectare cultivado em Rondonópolis (210 quilômetros ao sul de Cuiabá) – região que concentra cerca de 60% da atividade no Estado – demandou investimentos de R$ 4,66 mil. Já para a próxima safra (07/08), considerando a mesma região e o mesmo sistema de plantio (semidireto), serão necessários R$ 5,25 mil, para se plantar o algodão em cada hectare, ou seja, uma elevação do custo de produção em cerca de 13% de uma safra para outra.

Com relação à área plantada e produção, Mato Grosso permanece na liderança nacional e registrou na safra atual o cultivo de 538 mil/ha e produção de 783,7 mil toneladas de pluma. As previsões para a nova safra não estão disponíveis. (Com informações do Mapa)

Fonte:Diário de Cuiabá