Preço do alimento já subiu três vezes mais que todo o ano de 2006

A inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), índice oficial de preços, acumulou alta de 2,08% no primeiro semestre do ano, bem acima do registrado no mesmo período de 2006 (1,54%). A alta dos alimentos foi a que mais pesou.

Em junho, o índice ficou estável em 0,28%. A variação ficou acima das estimativas de analistas do mercado financeiro, divulgadas no boletim Focus do Banco Central (0,23%). Nos últimos 12 meses, a inflação chega a 3,69%.

A maior contribuição no semestre veio do grupo Alimentos e Bebidas, que apresentou alta de 3,93%, avanço mais que três vezes superior ao computado durante todo o ano passado: 1,23%. Só o preço do leite cresceu 24,92% até junho. Em 2006 ele apresentou crescimento de 3,40%.

Segundo Eulina Nunes dos Santos, da Coordenação de Preços do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a valorização dos preços do leite no mercado internacional, fruto da quebra da produção em países como Austrália e Nova Zelândia, estão por trás dos aumentos do preço do produto.

“Além da opção dos produtores de exportar e conseguirem maiores rendimentos, os preços no mercado interno também estão crescendo e isso eleva os preços dos derivados”, afirmou.

Ela afirma que a alta do grupo Alimentos nos primeiros seis meses de 2007 foi influenciada pelas chuvas no início do ano e pela elevação do leite a partir de maio. “Se não fosse o benefício do dólar, a taxa de Alimentos deveria ser ainda mais alta, apesar da expectativa de safra recorde de 135 milhões de toneladas neste ano”, acrescentou.

Em junho, a maior contribuição individual para o comportamento da inflação também veio dos preços do leite pasteurizado que respondeu sozinho por 0,11 ponto. O preço do produto subiu 12,40%. Com isso, os derivados também apresentaram alta: o leite em pó subiu 3,45%; queijos, 2,77%; leite condensado, 2,74%; e creme de leite, 1,61%.

Ainda no grupo de Alimentos, o feijão carioca subiu 15,73%, em razão da geada no Paraná, grande produtor de feijão, e os ovos avançaram 4,93%. Além disso, artigos de vestuário subiram 0,91% e os salários de empregados domésticos, 1,11%.

Por outro lado, combustíveis tiveram queda de 1,69% nos preços. O preço do litro do álcool na bomba caiu 12,35%, com a maior produção de cana de açúcar. Já os preços da gasolina (que tem um percentual de álcool em sua composição) apresentaram recuo de 0,77%.

O IPCA é o índice oficial do governo para a definição das metas de inflação. O centro da meta do IPCA para este ano é de 4,5%, com margem de tolerância de dois pontos para cima ou para baixo.

Fonte:Olhar Direto