Presidente do BB descarta prorrogação
12 de abril de 2007, às 0h00 - Tempo de leitura aproximado: 2 minutos
O presidente do Banco do Brasil (BB), Antônio Francisco Lima Neto, disse em Cuiabá que a instituição não irá refinanciar as dívidas de investimentos dos produtores. À saída da reunião com o governador Blairo Maggi, ontem pela manhã, ele foi enfático: “Não se fala em prorrogação. O banco tem um cronograma [de recebimento] e vai cumpri-lo pontualmente”.
Depois de ser taxativo às indagações da imprensa com relação ao endividamento do campo, Lima Neto disse que o BB entende que a conjuntura atual favorece os produtores e acredita que já é hora de pensar na próxima safra. “Estamos destinando este ano recursos de R$ 1 bilhão para o custeio da safra 07/08”. No ano passado, de acordo com a área de agronegócio, a instituição liberou R$ 650 milhões para os produtores de Mato Grosso. O orçamento deste ano para o custeio representa um incremento de 53,84% em relação ao montante liberado na safra anterior.
Justificando o posicionamento da instituição, Lima Neto afirmou que a safra 06/07 foi uma das melhores dos últimos anos e que, “portanto, não há motivos para novos refinanciamentos”.
O superintendente regional do Banco do Brasil, Renato Barbosa, informou que “de uma forma geral não houve perdas de safra, prova disso é que os seguros não chegaram a ser acionados pelos produtores”.
Barbosa lembrou que este ano todos os indicadores econômicos da agricultura foram favoráveis para a cadeia produtiva.
“A safra teve um bom comportamento este ano e os preços no mercado internacional sinalizaram positivamente. Temos atualmente uma das melhores cotações do mercado e o produtor não tem motivos para solicitar prorrogações”, argumenta.
Segundo ele, eventualmente alguns produtores podem ser beneficiados com o refinanciamento, “que não se estenderá a todos”.
O banco vai estudar caso a caso e somente aqueles [produtores] que comprovarem perdas poderão ter sua dívida prorrogada. Mas isso dependerá também de uma perícia que o BB irá realizar nas lavouras indicadas pelos agricultores.
As dívidas de investimentos referem-se à aquisição de máquinas e equipamentos e à calagem do solo. Só nos cinco últimos anos foram investidos mais de R$ 6 bilhões em Mato Grosso para fazer frente ao crescimento médio de 700 mil hectares/ano na área plantada.
OUTRO LADO – Ao tomar conhecimento da posição do Banco do Brasil sobre a questão das dívidas, o presidente da Associação dos Produtores de Soja do Estado (Aprosoja/MT), Rui Ottoni Prado, reafirmou que “haverá necessidade de prorrogação dos débitos referentes a investimento”.
Segundo ele, não há renda suficiente para cobrir as dívidas de custeio e investimentos, que totalizam R$ 4 bilhões. “O produtor não vai dar conta de pagar. Temos que insistir na prorrogação”, sustenta Prado.
Os produtores alegam que apesar dos preços terem melhorado neste ano, a maioria não se beneficiará disto porque já venderam sua safra para as tradings. “Além disso, ainda temos o problema do câmbio, que está defasado e praticamente elimina a margem de lucro do produtor”.
O gerente de Agronegócio do Banco do Brasil, Olímpio Vasconcellos, disse que o maior volume das parcelas referentes ao endividamento começa a vencer no próximo mês de maio. “Por enquanto, a situação está sob controle e não temos registro de inadimplência elevada”.
Fonte:Diário de Cuiabá